As Aventuras de Nando & Pezão

"O Show do Rappa"

Último Capítulo - A Escursão e mais ...

Ficaram curiosos com a história do ônibus, né? Tudo bem, eu posso contar. Vocês não estão atrasados pra pegar nenhum busão mesmo, né? Bom, tudo aconteceu numa escursão que o meu colégio havia montado pra visitarmos uma fábrica da Coca-Cola no Rio de Janeiro....

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Não me lembro o que eu comi naquela manhã, só sei que não me fez bem. Não me fez nada nada nada bem. No meio da viagem o meu estômago parecia um daqueles tornados do filme Twister, dava até para imaginar as vaquinhas girando lá dentro da barriga. Foi um daqueles revertérios estomacais que você nunca se esquece. Mesmo porque o busão estava lotado. Tinha neguinho sentado até no corredor. Ah, você sabe como é escursão de colégio. Então, imagine o seguinte... eu estava sentado na terceira fila. Lembra onde fica o banheiro do busão? Claro, Murphy está sempre pensando numa maneira de foder você. Sempre. O banheiro fica justamente na outra ponta. Lá no fundão. Pensa bem, meu amigo, eu com o estômago louquinho pra desabar 10kg de terra, o busão lotado, cheio de gente no corredor.... e o que é pior. Adolescente de colégio não é gente, esta espécie é o que há de pior na face da terra. Zombam, xingam, jogam coisas, etc... Ah, você é ou já foi adolescente uma vez, sabe o que estou falando. Eu ainda sou um. Sei como é. Nóis é foda. Mas... voltando ao meu caso. Eu louco pra dar uma cagada e o busão cheio de obstáculos me impedindo de chegar até o meu alívio, o WC.

Confesso que tentei segurar aquele monte de merda dentro de mim. Mas os minutos iam passando e aquele monte de barro retorcido dentro da minha barriga ia me implorando cada vez mais para sair. E ele ia sair, mais cedo ou mais tarde. Foi então que tomei uma decisão importantíssima. Resolvi encarar o longo caminho até o WC do busão. Não seria nada fácil. Além disso o meu cu não parava de piscar. Sabe como é... você fica prendendo o bicho por muito tempo... chega uma hora em que ele fica louco e quer sair a qualquer custo, aí o seu cu fica naquela batalha. Aperta, segura, encolhe, solta, repuxa. Ah, você sabe como é. Aposto que num determinado ponto da sua vida isso já lhe aconteceu. Geralmente acontece quando você está na fila de banco. Já reparou? A explicação é simples. Você almoça, come um monte de porcaria, isso embrulha o seu estômago, aí você vai trabalhar depois do almoço e aquele maldito Office-boy dos infernos não aparece e o depósito no banco acaba sobrando pra você. Você chega lá e está aquela fila enorme. De repente, de uma hora pra outra o estômago começa... rrroc... rrroc... pronto, começa a luta. Você começa a suar frio e tudo. O Banco naquele silêncio todo e o seu estômago parece que vai dar cria. Lá em baixo o seu cu começa uma batalha, uma batalha quase tão feroz quando aquela do filme Coração Valente, do nosso amigo Mel Gibson (Porra, Mel Gibson aparecendo novamente por aqui? Que bosta. Ah, tudo bem, a Ruthinha gosta).

Santa Pixirica! Será que eu conseguiria chegar até o WC com tempo? Não dava tempo de responder esta pergunta. Eu só tinha duas opções, e nenhuma delas era agradável:

1) Pedir para o motorista parar o busão pra eu poder cagar no mato – Não, de jeito algum! Seria o maior mico de todos os tempos.

2) Encarar o corredor da morte e correr o risco de me cagar todo no meio do caminho.

Já que não tem jeito mesmo. Levantei-me lentamente do banco e a primeira batalha começou. Um puta peido apontou no meu cu. Pronto, desespero total! O que eu faço? Volto a sentar? Continuo? Se o peido sair o barro virá junto com ele? Ele vai fazer muito barulho? Santa Pixirica, me ajuda! Aqui eu tenho tempo, mas na hora eu tinha frações de segundo para decidir. Mas na verdade quem decidiu por mim foi o meu estômago. Acabei peidando. Por sorte o desgraçado saiu suave feito uma pluma, e longo, daqueles que você sente até uma brisa quente subindo pela espinha. Ahá! Lembrou, né? Você sabe do que eu estou falando, e sabe também que estes são os piores.... pra quem está perto de você. Galera, vocês podem não acreditar, mas o cheiro foi tão forte que até o motorista ficou meio tonto. Num certo momento eu pensei que o cara ia desmaiar. Já imaginaram isso? Já ouvi falar que telefones celulares provocam muitos acidentes no trânsito, mas um peido seria a primeira vez na história. E isso quase aconteceu. Faltou muito pouco pra eu matar o motorista asfixiado.

Primeiro desafio vencido. O maldito peido saiu e não causou tantos estragos assim. Quase matei o motorista e provoquei o capotamento do nosso busão, mas tudo bem, já passou. Agora ainda falta atravessar o corredor da morte até chegar ao WC. Meu, eu nunca suei tanto como naquela manhã de sábado. Sim, sábado, a filha da mãe da diretora marcou a escursão pra sábado... maldita. Espero que vá para os confins do inferno quando a morte chegar. Todo mundo sabe que escursão tem de ser em dia de aula! Claro, senão qual é a graça? Bom, voltando ao meu sofrimento... o peido saiu e já consegui caminhar 2 metros pelo corredor. Fui me esbarrando num, encoxando noutra, esfregando-me aqui e ali e de repente outra batalha se aproximava. As malditas contrações no cu recomeçaram. Parei imediatamente. Eu não sabia o que fazer, muito menos pra onde olhar, pensem bem... aquilo era um ônibus de escursão, todos se conheciam e iam para o mesmo destino, é diferente de você estar num busão lotado de gente desconhecida. Num busão assim você não tem de dar satisfação pra ninguém, mas aqui...

— Porra, Nando! — disse o maldito gordo sentado no corredor. Era o Joca CC. Seu apelido era assim por causa do maldito cheiro que seus sovacos exalavam. — Aonde você está indo, cara? Senta lá e sossega, meu! Não percebeu que o corredor já está lotado?

Maldito gordo dos infernos. O que eu deveria fazer? Meu cu estava sofrendo lá em baixo, não dava pra eu sair andando e deixá-lo vulnerável. Mas o gordo tinha razão, eu estava atrapalhando todo mundo ali no corredor. Eu precisava ter um motivo para estar ali. Contar que eu estava prestes a dar a maior cagada da minha vida? Não, de jeito algum. Foi então que eu vi a professora lá no final do corredor.

— Cala a boca, Joca! — falei pro gordo. — Preciso tratar um assunto com a professora.

— Grita, faz alguma coisa! Porra, não está vendo que o busão está apertado?

De repente, como num passe de mágica eu senti o segundo peido escorrer do meu cu. Nem tive tempo para detê-lo, e mesmo que eu quisesse não conseguiria. O dito cujo saiu bem na cara do gordo maldito. A galera que estava por ali começou a gritar de desespero.

— Porra, gordo!

— Caralho, gordo! Arruma um desodorante, porra! 

— Cassete, o sovaco do gordo fede mais que cu de cavalo!

Eu não sabia se ficava aliviado ou caía na gargalhada. Não, acho que cair na gargalhada não seria bom. Eu poderia dilatar ainda mais o ânus e o rebosteio seria perigosamente catastrófico. Fiquei na minha. O maldito gordo acabou levando a culpa pelo peido. Joca ficou puto da vida com a galera.

— Vão tomar no cu, vocês! Não fui eu não! O Nando cagou nas calças, sei lá! Puta merda! Foi ele!

Respondi imediatamente. Eu não podia deixar a galera se voltar contra mim. Ainda faltavam muitos metros até o WC.

— Se liga, gordo! Assume, porra!

A galera deu risada e ficou do meu lado. Ufa! Esta foi por pouco. Seria ótimo encontrar outras pessoas com CC no meio do caminho, caso eu precise de um bode espiatório. Seria ótimo, mas já vi que não terei tanta sorte assim. Nos próximos 4 metros de busão só tem mulher. Meu, até as 2 maiores gatinhas do colégio estão ali. Putz grila! Que pressão! Se eu peidar ali não terei escapatória. Ninguém vai me perdoar, além disso vou passar o maior vexame com a mulherada. Santa Pixirica! Cu, por favor, dá uma ajudinha, dá! Eu sei que você está sofrendo, mas segura aí, parceiro. O WC nem está tão longe assim. Comecei a caminhada e o suor escorria pelo corpo como cataratas. Meu cu não parava de piscar, o barro estava fazendo uma pressão tremenda sobre ele. Pobre coitado. Eu devia estar mais branco que aqueles lençóis de comercial de sabão em pó. Eu precisava me acalmar ou iria desmaiar ali mesmo no corredor. Será que uma pessoa desmaiada segura ou alivia o barro em momentos assim? Putz! Boa pergunta.

— Você está passando mal, Nando? 

Aquela voz era inconfundível. Magnólia, a maior gata do colégio. Era a primeira vez que a dita cuja falava comigo. Fiquei mais impressionado por ela saber o meu nome.

— Eu? — respondi, tremendo até as bolas do caco. — Sim, por quê?

— Você está muito pálido, e todo molhado de suor.

— É mesmo? Acho que é o calor.

Putz! Enquanto eu respondia senti outro peido sair levemente do meu ânus. O que eu deveria fazer? Eu precisava sair dali! 

— Preciso falar um negócio urgente pra professora. — eu disse rapidamente.

Magnólia acenou a cabeça positivamente. Tentei sair dali o mais rápido possível. Para a minha sorte alguém abriu a janela e uma rajada de vento empurrou o cheiro na direção do gordo. Novamente a galera caiu matando sobre ele. 

— Porra, gordo! O lugar pra cagar é na privada!

— Joga o gordo pra fora do busão!!!

Pobre Joca. O cara era mais fedido que defunto, mas não era má pessoa.

Faltavam poucos metros para o WC. Eu já começava a sonhar com aquele momento. Eu sentadinho no vaso e os problemas indo embora. Todos eles. Agora uma curiosidade, pra onde vai a merda que fazemos no banheiro do busão? Vai para a estrada? Mais uma vez... boa pergunta. Mas naquele momento eu não conseguia pensar em mais nada. A única meta era alcançar a privada.

Por incrível que pareça eu consegui chegar ao banheiro intacto. Meu cu piscava mais que árvore de natal, mas eu consegui. Finalmente ... o WC. Quando segurei na maçaneta da porta eu quase tive um orgasmo.

Puta merda! Não acredito. A porta estava trancada. Que merda!

— Tem gente! — gritou uma voz, parecia vinda do além, mas na verdade vinha de cima da privada mesmo.

Entrei em pânico. O meu cu não suportaria muito tempo.

— O Manoel está aí dentro faz um bom tempo, cara. — disse o Jessé.

— Puta merda. — sussurrei.

Meu cu piscando e a porta do banheiro fechada. Maior frustração não havia. Desespero total. Fodeu. Agora fodeu de vez. 

De repente a porta se abriu! Galera, eu nunca fiquei tão feliz na minha vida. Eu acho que quase gozei na cueca naquele momento. Manoel saiu do banheiro com uma cara nada boa. Eu conhecia aquela cara, constrangimento. Sim, já reparou que a gente não consegue sair de banheiro de ônibus sem fazer esta cara? Mas eu já sei o motivo. Pense bem, num banheiro de clube ou qualquer outro você dá aquela aliviada, sai e ainda tem um bom caminho a percorrer até voltar para a normalidade. Mas no busão não tem isso. Você mija, caga, dá a descarga, limpa as mãos, abre a porta e já está todo mundo ali sentadinho, e todo mundo sabe que foi você que saiu do vaso. É horrível. Manoel estava tão branco quanto eu. Não, acho que eu estava mais.

Trocamos de lugar o mais rápido possível. Não sei o motivo, mas ele queria sair dali tão rápido quanto eu queria entrar. Na verdade isso era bom. Eu precisava muito do vaso. Meu cu já não estava mais suportando aquela pressão do barro. Entrei feito uma flecha. Foi aí que eu percebi o motivo pelo qual o Manoel queria tanto sair dali. Puta meeeeerda! O cheiro estava praticamente insuportável. Meu, só havia uma explicação pra todo aquele fudum desgraçado: Manoel matou alguém, cagou em cima e depois jogou dúzias e dúzias de ovo podre. Puta merda, imaginem um cheiro ruim, agora multipliquem por 100 e adicionem 200kg de estrume de vaca. Pronto, mesmo assim não vai ser tão ruim quanto o cheiro deixado por Manoel naquele banheiro. Levantei a tampa do vaso e finalmente entendi. Meu, era a maior merda que já vi na minha vida. O bicho parecia ter vida própria. Num determinado momento pensei que ele ia criar vida e falar comigo. Minha primeira reação foi apertar o botão da descarga. Apertei uma vez e nada. A pressão era insuficiente para levar aquela criatura embora. Continuei apertando por mais uns 5 minutos. Era inútil. A criatura era grande demais para passar pelo buraco da privada.

De repente meu cu deu aquela piscada fatal. Aquela em que você sabe que só tem uma alternativa. Ou você se agacha ou você... se agacha. Na tem outra solução. Foi exatamente o que fiz. Não teve jeito. Por mais que aquela criatura na privada me deixasse apavorado eu não tive outra saída. Baixei a calça e a cueca tão rápido que um tarado teria até me aplaudido. Sentei minha bunda no vaso gelado e o alívio veio rápido. Soltei tanta merda que num determinado momento fiquei com medo de alguns órgãos internos estarem saindo junto, por compaixão. Sei lá, parece ridículo, mas num momento como aquele sua mente já começa a perder a noção das coisas. Era o cheiro. Aquele maldito cheiro estava me deixando tonto. Sim, tão tonto que... desmaiei.

Resumindo, o motorista havia perdido a chave do banheiro e precisaram arrombar a porta para me tirar de lá. Puta merda! Já imaginou o mico que eu passei? Sorte que eu estava desacordado... imagine só a galera arrombando a porta e eu lá... com a calça arriada, sentado num vaso que deveria ter mais merda que o Rio Tietê. Além disso aquele maldito cheiro azedo.

Sim, é por isso que nunca mais eu entro num banheiro de ônibus. Nunca mais! Vocês acham que eu devo contar esta história para a Ruth? Caralho, melhor não. Algum dia, se a gente se casar e tudo.... aí sim eu conto. Quando já estivermos velhinhos sentados na varanda de nossa chácara.... aí.... talvez eu conte. Talvez.

Rrrrrrrrrrrrrrrrring!!! — Toca o telefone.

— Oi, meu amor... já sentiu saudade?

— Sim, meu amor, senti falta daquela sua rola pequena..

Putz! Não era a Ruthinha, era o filho da puta do Pezão.

— Que papo é este de "meu amor"?

— Sai fora, Pezão, não tenho de lhe dar satisfação da minha vida.

— Nando tá apaixonado! — Pezão pagando pau... putz! Só faltava esta. O sabadão já começou mal. 

— Desembucha, cara! Não vai me dizer que depilou a bunda outra vez...

— Claro que não! Ela ainda está lisinha feito uma bundinha de bebê.

Puta merda! Que nojo! Por favor, cérebro, livre-me desta imagem bizarra!!!

— Cara, eu liguei pra você ir lá pegar aquela fita pornô na locadora!

— Porra, por quê você mesmo não vai? Você tem carro, eu não.

— Não vai dar, cara. Vou ter de levar a minha mãe para fazer compras. O carro dela está na oficina.

— Deixa ela no supermercado e volta, meu!

— Não vai dar, porra! Pega a fita lá, meu! Não custa nada. Segunda-feira eu pago.

— Puta merda, eu pego então. Como é mesmo o nome do filme?

— Chavasca e o Ânus Anal... acho que é isso.

— Não, não é isso não. Acho que é Chavasca Anal.

— Também não, cara. Porra, eu lembro que é Chavasca alguma coisa...

— Não era Chavasques?

— Porra, é isso! Chavasques. Chavasques alguma coisa.

— Lembrei. Chavasques – Uma Aventura Anal.

— Bingo! Porra, cara, não vejo a hora de ver este filme!

— Eu também. Nem acredito que a mina mora aqui na cidade! Caralho!

— Tive até um sonho erótico com ela esta noite!

— Você teria coragem de dar uns beijos nela?

— Opa! Demorou!

— Caralho! Mesmo sabendo que ela chupou o pau de um monte de mexicano cabaço?

— Porra, é mesmo! Que nojo!

— Não é por nada não, mas já vi você dando uns pegas em Pé-Vermeio ainda mais chupeteira que esta tal de Juciléia.

— Cara, você também.

Pior que o Pezão tem razão. Putz!!!

Com a imagem da Juciléia biscate em minha mente eu me levantei. Que gata. Aposto que os mexicanos ficaram malucos com ela. Não é por nada não, mas mulher brasileira não tem igual. Já vi filme pornô de várias partes do mundo e dá pra notar que a muié daqui tem algo a mais. A bunda. Os peitos. Putz! E por aí vai...

Porra, é melhor eu esquecer um pouco a Juciléia, não quero sair do quarto de pau duro, né? Não é elegante. Putz! Falando nisso acabei me lembrando de uma outra história trágica, e por coincidência também se passou num ônibus. Estava eu dentro do busão... quando de repente, não me lembro por qual motivo, fiquei de pau duro. Acho que alguma mina gostosa passou de minissaia... não lembro... só sei que o bicho ficou mais duro que ferro. Até aí tudo bem, nós homens já estamos acostumados com isso. Mas o problema foi que eu estava de calça moletom. Puta merda, entrei em pânico. A barraca ficou armada. O ponto onde eu descia estava chegando e o meu bilau não queria voltar pra posição de descanso. Coloquei alguns cadernos por cima e tentei disfarçar o máximo que pude. Até aí tudo bem. Mas.... e quando eu fosse me levantar pra descer do busão??? Não dava pra colocar os cadernos na frente, ficaria ainda mais ridículo. Comecei a suar frio. Tantas horas pro bilau ficar de pé e o filho da puta resolveu escolher justo aquele momento. Comecei a imaginar várias coisas pra tentar desanimá-lo, mas nada funcionava. Imaginei um monte de velhinhas tomando sopa, de repente as velhinhas se transformaram em dançarinas nuas lambendo o meu corpo. Putz! O bilau ficava cada vez mais animado. O que fazer? O que fazer? O ponto estava chegando! Santa pixirica, era mico na certa. Mais um, pra falar a verdade. Tentei me concentrar... "mole" "fica mole" "fica mole" "fica mole" ..... Mas nem sinal. O maldito estava mesmo a fim de brincar.

Foi então que o ponto se aproximou. Levantei-me feito um raio e apertei o botão. Não tinha mais jeito. Todos iriam ver a barraca armada. O ônibus parou. De repente eu notei que não seria o único a descer naquele ponto. Na verdade metade dos passageiros se levantou junto comigo! Isso era bom ou ruim? Eu estava tão assustado que nem deu tempo de chegar a uma conclusão. Só sei que me levantei e entrei na fila. Na minha frente entrou uma gorda. Uma gorda gorda mesmo, daquelas bundudas. Puta merda, a bunda da gorda era tão grande que ela estava sentada nos dois bancos do busão. De repente começou um empurra-empurra e eu fui de cara... (ou melhor, de pinto)... na gorda. Quase ficamos engatados. A gorda até tentou olhar para trás e ver o que estava acontecendo, mas era tanta banha que ela não conseguiu. Ufa! Enquanto isso o meu bilau continuava duro e cutucando o bundão da gorda. Confesso que mais alguns minutos naquele vai e vem eu poderia chegar ao orgasmo mais bizonho da minha vida. O empurra-empurra continuava. Comecei a desconfiar da gorda. Acho que ela começava a gostar das minhas cutucadas. Não tenho nada contra gordas, mas aquela estava fedendo gordura! Um cheiro ruim dos diabos.

Bom, o importante foi que ao passar pela porta do busão o meu bilau finalmente resolveu descansar. A barraca desarmou. Tudo voltou ao normal.

Ah, a gorda? Veio atrás de mim e queria me passar o telefone de qualquer jeito! Hahahaha....... Sai fora!

Puta merda, eu fico perdendo tempo contando estes causos para vocês e enquanto isso o tempo passa. Daqui a pouco a Ruthinha chega de Campinas. Caralho, a fita! O foda é que nem sei direito onde fica a merda da locadora. Bom, que eu me lembre o Zoinho disse que fica perto do motel do Jorjão. Nunca fui nesta joça de motel. Dizem que tem mais barata lá do que nos esgotos da cidade. Caralho, já imaginou isso? Qual é o cara que consegue deixar uma mulher no clima num lugar cheio de baratas? Porra, nem o Super-Homem. Motel do Jorjão. Porra, é longe pra caralho. É melhor eu pegar a bike.

Pedalei pra caramba, mas consegui achar a joça da locadora. Puta merda, lugarzinho mocozado dos infernos. Como é que alguém tem coragem de abrir uma locadora num lugar como esse? Só pode ser louco.

Prendi a bike com cadeado e encostei na parede da joça. Nem lugar pra prender as bikes a merda tem. Entrei na locadora e um cara do outro lado do balcão já me deu uma encarada. Calma, tio! Só vim alugar... não vim roubar e estuprar sua esposa não... O cara continuou me encarando. Meu, este cara me lembra alguém! Porra, é claro... Hitler. Meu, o nóia é a cara do Hitler. O mesmo bigodinho gay, o cabelinho penteado de lado, o olhar frio e assustador. Puta merda, era só o que me faltava.

— Oi. — Tentei quebrar o gelo. O cara estava me encarando tão feio que eu pensei que ele ia atirar em mim... ou sei lá.

— Bom dia. — Ele respondeu, ainda me encarando.

Galera, sem brincadeira, se colocar um uniforme alemão no cara e largar a figura em Berlim... vai ter chucrute achando que Hitler ressuscitou.

De repente uma mulata gostosa surge atrás do balcão. Puta merda, eu odeio alugar filme pornô quando tem mulher na locadora. Sei lá, fico com vergonha. Porra, já estava foda com o Hitler me encarando... agora a mulata também começou a me olhar. Fodeu. Será que devo abortar a missão? Ah, dane-se, já pedalei tanto pra chegar até aqui... agora eu vou até o fim.

Pra dar uma disfarçada eu fui direto pra sessão de lançamentos. Se eu for direto para os pornôs vão me achar um pervertido, né? Garoto esperto. 

Puta merda, lançamento??? O Hitler tem a cara de pau de chamar isso aqui de lançamento? Meu, não é por nada não, mas "Pânico 2" é mais velho que a minha vó! Puta merda, nem "Pânico 3" é lançamento. Que bosta de locadora. Hitler continua me encarando. Peguei a fita do "Pânico 2", dei um sorrisinho falso e disse:

— Muito bom este filme. Vi no ano retrasado.

Eu não devia ter feito isso. O Hitler ficou com uma cara ainda mais brava. A mulata deu uma risadinha de leve, mas quando percebeu que o Hitler estava puto ela disfarçou. Porra, será que o Hitler anda comendo a mulata? Oh, mandou bem, Hitler!

Continuei na sessão de "lançamentos"... puta merda, dá até vontade de rir. Tem filme aqui que já passou até na Bandeirantes. Dá pra acreditar nisso? Bom, acho que já fiquei o tempo suficiente aqui. Chegou a hora de atacar o cantinho dos pornôs. Hitler e a mulata ainda me encarando. Que bosta! Ah, foda-se, podem encarar. Alugar fita pornô não é crime, é? Claro que não. Se fosse eu já estaria preso há muito tempo. 

Cheguei e dei de cara uma pexeca cabeluda. O nome do filme é "Vaginas Enlouquecidas 8 – Versão Dublada". Puta merda, já tem filme pornô dublado? Hahahaha....... era só o que estava faltando mesmo. Meu, quando eu crescer quero ser dublador de filme pornô! Cara, que maluco isso. 

Puta merda, já sei o motivo dos lançamentos serem todos velhos... o Hitler é tarado! O cara só compra fita pornô! Meu, nunca vi tantos filmes pornôs na minha vida! Nem o Zoinho tem isso aqui, e olha que o cara tem fita pra caramba. Porra, como eu vou achar aquele filme no meio de tantas fitas assim??? Eu não tenho coragem de ir lá no balcão e perguntar: "Oh, clone da Globeleza, você tem o filme Chavasques – Uma Aventura Anal?".

Que bosta, e agora? Bom, o jeito é eu procurar então. Olhei para o balcão e notei a mulata falando algo no ouvido do Hitler. Não acredito nisso! O cara deu risada! Puta merda, deu risada olhando pra mim! Porra, sobre o que eles estão falando? Puta merda, devem estar pagando pau da minha cara. "Olha ali o pervertido!" "Não come ninguém, precisa de filme pornô pra tocar punheta". Meu, que bosta. Agora eu fiquei puto, vou alugar esta bosta deste filme nem que eu tenha de olhar todas estas capas. Foda-se.

Peguei fita por fita em minhas mãos. Eu vi tanta cena de sacanagem que eu já estava prestes a gozar na bermuda. Tinha filme pra tudo quanto é gosto:

"Ânus Incríveis"

"Ramboceta 2 – A Missão"

"Querida, Encolhi o Pinguelo"

"Fodida em Nova Iorque"

"Cabação Valente"

"Tetanic"

... e muitos outros. Puta merda, como tem filme pornô neste mundo! Hahahaha.... garanto que enquanto você diz "P i n d a m o n h a n g a b a" outras milhares de fitas pornôs são lançadas no mercado. Sexo vende. Tudo que tem sacanagem vende. Você tem um produto encalhado aí na sua loja? Experimenta colocar uma foto da Tiazinha pelada na embalagem pra você ver. Meu, mulher pelada vende até remédio pra hemorróida. Nós homens somos completamente idiotas. Não podemos ver uma pixirica. Ficamos sem noção de tempo, espaço, tudo... Quer fazer um teste? Domingo á tarde... você está sentado no sofá assistindo TV. Está passando um puta jogo. Seu time está jogando pra caralho. Fazia muito tempo que você não via seu time jogar tão bem. Ou então está passando aquele filmão que você estava louco pra ver e não teve tempo de alugar. De repente você encosta o dedo no controle remoto e BUM! Você cai no SBT... Domingo Legal.... Banheira do Gugu... BUNDA!!! Confessa, você esqueceu o jogo ou o filmão e ficou olhando a bunda da Carla Perez entrando e saindo da banheira. Confessa! Não precisa ter vergonha. Você não cometeu nenhum crime. Você é homem. E quando se trata de bunda nós agimos assim mesmo, feito idiotas. É a natureza masculina. Seus hormônios dizem para o cérebro: "Deixa com nóis, malandro. Fica frio... relaxa... agora nóis assume".

Ah, mas fique ligado... Se isso NUNCA aconteceu com você... então você é boiola, ou é pobre pra caralho e não tem TV em casa.

Achei!!! Chavasques – Uma Aventura Anal!!! Uhuuuuuu!!! Meu, que capinha mais ridícula!!! Um mexicano safado vestido de Chaves comendo a Chiquinha.... ou melhor, a Juciléia biscate. Aaaaaaaaaaaaoooooooooooooo!!! Os zoinho do mexicano estão até virando! Meu, esta Juciléia pode ser biscatona, mas é muuuuuuuuuuito tesuda!

Olhei para o balcão e os dois não paravam de cochichar. Isso está me deixando louco! O que será que eles tanto cochicham? Puta que o pariu!

Quer saber? Fodam-se, segurei a fita com firmeza e caminhei normalmente até o balcão. A mulata estava com cara de riso. O Hitler não, continuava com aquela cara de cuzão. Caralho, até rimou.

Coloquei a fita sobre o balcão. Minhas mãos tremiam... acho que de raiva, não de vergonha. A mulata olhou pro título do filme e eu percebi que ela estava morrendo de vontade de cair na gargalhada, mas conteve-se.

— Mais alguma coisa, moço? — perguntou ela. Seus lábios tremiam. Ela estava prestes a explodir numa gargalhada histérica, mas continuou firme.

— Só. — Respondi, olhando para o computador. Um PC 486 velho pra caralho, mais sujo que pau de galinheiro.

— Qual o seu nome?

— Ah, esqueci de dizer, ainda não tenho ficha aqui.

De repente o Hitler saltou da cadeira e se aproximou de mim, dizendo:

— Nome completo, RG, CIC, Título Eleitoral, Carteira de Reservista, comprovante de endereço, telefone, fiador, nome do pai, da mãe e endereço e telefone do local de trabalho. Sem estes documentos ninguém abre ficha aqui.

Puta que o pariu! O cara parece uma metralhadora humana. Ele estava louco pra me foder, mas não foi desta vez. Eu vim preparado. Trouxe todos os documentos possíveis e imagináveis. Eu não ia arriscar pedalar até a puta que o pariu pra depois voltar só por ter esquecido uma conta de luz. Eu sou mais eu. Enfiei a mão no bolso e peguei a carteira. Quando eu botei os documentos no balcão o clone de Hitler não fez uma cara nada boa.

— Está tudo aqui. — eu disse pra mulata. Poxa, se eu não estivesse com a Ruthinha eu até jogaria um xaveco nela. A mulata é um pedaço de mau caminho. Quando ela se levantou para ir até o computador eu dei uma bela analisada no bagageiro dela. Coisa de louco!

Hitler pegou a fita de cima do balcão, deu uma boa olhada e depois olhou pra mim. Não disse nada, mas seu olhar era claro feito uma lâmpada de luz fria. Ele estava pensando... "Punheteiro dos infernos. É melhor você não sumir com a minha fita... ou eu mando te fuzilar". Colocou a fita novamente sobre o balcão e deu um sorrisinho malandro. A mulata começou a digitar os meus dados. O Hitler voltou pro seu banquinho de madeira.

— O filme não é pra mim não. — Eu disse.

O Hitler balançou a cabeça positivamente.

— Meu irmão queria ver a ...

— Juciléia. — Completou a mulata, e deu um sorrisinho.

— Você a conhece? — eu perguntei.

— Estudamos na mesma classe.

Hitler deu uma pancada no balcão. Eu e a mulata tomamos um puta susto. Quando olhamos em sua direção o babaca fez sinal pra ela continuar digitando. Puta merda, deve ser uma bosta ter um patrão mala assim. As mãos da mulata começaram a tremer, o que dificultava ainda mais a digitação dos meus dados. Que bosta. Eu preciso voltar pra casa logo! Quero me arrumar pra ir buscar a Ruthinha na rodoviária. Estou até pensando em levar flores pra ela. Não, acho melhor cancelar as flores. Se eu chegar lá muito meloso ela pode se assustar. Mulher assustada é foda. Você não pode tratá-las feito um cavalo, mas também não pode ficar meloso demais... já aprendi isso.

— Prontinho. — disse a mulata, levantando-se da cadeira.

Dei-lhe um sorrisinho meio sem graça, afinal a situação toda está meio embaraçosa. Eu só queria saber se o Hitler é assim com todo mundo ou não gostou de mim. Puta merda, ele não pára de me encarar. Duas coisas, ou ele me odeia ou está a fim de dar o cu pra mim. Eu prefiro a primeira hipótese. Já tem um monte de gente que não gosta de mim mesmo. Um a mais um a menos não faz mal.

A mulata pegou a fita, deu uma olhada no código impresso na etiqueta e saiu por uma porta à esquerda. Foi pegar a fita. No balcão está só a caixa, é claro. Aliás a caixa está tão arrebentada.... já deve ter passado pelas mãos de todos os tarados da cidade. Putz! Quando eu chegar em casa é melhor lavar a mão com desinfetante. Esta gosma na caixa está me deixando preocupado.

O tempo foi passando e nada da mulata. De repente ela grita lá de dentro:

— Eu não estou achando a fita!

Neste momento começa a entrar mais gente na locadora. Um casal de namorados e duas amigas.

— As fitas de sacanagem ficam lá no fundo! — grita o sósia do Hitler. Puta merda! A galera olhou imediatamente pra mim. — Anda rápido! Tem cliente chegando!

Quando eu pensei que as coisas não poderiam piorar... a mulata grita novamente:

— Como é mesmo o nome do filme?

Hitler nem se mexeu. Olhou pra mim e disse:

— Diz pra ela, rapaz. Eu preciso atender os outros clientes.

Puta merda! Isso só acontece comigo mesmo. E para piorar a locadora está ficando cada vez mais cheia. Outro casal entrou, com três filhos.

— Eu preciso saber o nome do filme! — gritou a mulata, agora mais alto. — Os filmes pornôs estão misturados!

Puta merda, todo mundo olhou pra mim. Que bosta. Enquanto isso Hitler conversava com o casal de namorados. Não tem outro jeito....

— Chavasques – Uma Aventura Anal !!! — gritei na direção da porta.

Todo mundo rindo. Que bosta.

— Chavasques é com X ou CH ??? — gritou a mulata.

Santa Pixirica! Eu mereço?

Vinte minutos depois a mulata reapareceu com a fita nas mãos. Peguei a sacolinha com a fita e saí voando daquela joça. Olhei para o relógio e...

— Puta merda!!! A Ruthinha já chegou de Campinas.....

Destranquei a bike o mais rápido que pude e saí em disparada. Ao dobrar a terceira esquina do quarteirão eu dou de cara com quem?

— Nando?

— Ruth?

Puta merda! Olhei para a sacola e notei que era possível ver a capa do filme. O Chaves mandando ver na Chiquinha.... ou melhor, na Juciléia.... ah, vocês sabem.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela.

Dobrei a sacola o máximo que pude e tentei esconder a capa da fita.

— Eu queria te apanhar na rodoviária, mas...

— O que é isso na sua mão?

— Ah, i... isso aqui? Um filme que aluguei pra nós assistirmos juntinhos.

— Qual filme?

— Ah, se eu contar estraga a surpresa.

— Lindinho. — Ruth se aproximou e nos beijamos.

Puta merda. Não vou conseguir esconder a fita por muito tempo. É melhor eu sair daqui o mais rápido possível. Poxa, se a Ruth me pega com esta fita é o fim. Qual garota sairia com um cara que aluga um filme pornô com o Chaves e a Chiquinha trepando na capa? Talvez as Pé-Vermeio namorem, mas a Ruthinha não é Pé-Vermeio.

— Ruthinha, meu anjo, eu preciso ir!

— O que houve?

— Eu preciso comprar uns negócios e o comércio já vai fechar!

— Tudo bem, Nando. — Meu, a Ruthinha é animal!!! That's my girl!!!

Dei-lhe um longo beijo e saí pedalando feito um louco.

— Passa lá em casa depois, gata! Minha mãe quer muito te conhecer!

— Passo sim, gato. Beijo!

— Outro!

Depois do almoço...

Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrring!!! — O telefone toca.

— Alô?

— Conseguiu a fita, cara? — Acho que não preciso dizer quem é, né?

— Consegui, Pezão. Puta que o pariu, cara... foi um sacrifício dos infernos. Mas consegui.

— Uhuuu! Eu não vejo a hora de ver aquela moreninha fazendo um regaço.

— Cara, o bagulho é bizarro mesmo. Na capa tem ela vestida de Chiquinha. Meu, ela está muito gostosa nesta capa. O cara vestido de Chaves está quase pirando de tanto tesão.

— Puta merda, mais tarde eu passo aí pra pegar a fita!

— Pezão, mas toma muito cuidado com esta bosta, cara. O dono da locadora é um tremendo cuzão. Seu eu chego com a fita detonada na segunda-feira ele me frita vivo.

— Garanto que esta fita já está mais melada que pirulito de caramelo.

— Porra, pior que está mesmo. Não pego naquela joça sem colocar uma luva não. Puta que o pariu... cruz credo!

— Mais tarde eu passo aí pra pegar.

— Beleja.

— Vai fazer o quê hoje á noite?

— Vou sair com a ...

— Ruthinha — Pezão imitou o Tonho da Lua. Putz! Já estou ficando de saco cheio disso. — Meu, estou pensando em ligar pra Mariana. Se ela topar nós podemos sair todos juntos.

— De jeito nenhum, cara! Eu quero ficar sozinho com ela. Mais pra frente... até pode ser. Mas hoje não.

— Porra, vai te catar então!

— E tem mais... você acha que a Mariana vai querer alguma coisa depois do que você aprontou com ela? — Mariana flagrou Pezão comendo a prima dela no quintal da própria casa. Vixi!!! Mulher nenhuma perdoaria. Só sei que até hoje nunca tive esta sorte.

— A Mariana já esqueceu tudo, cara. Além disso ela sabe que a prima é uma tremenda biscate. Ela sabe que foi a prima que me seduziu.

— Pezão, depois dessa é melhor eu bater o telefone na sua cara. Dá um tempo! Você vivia olhando pra bunda da prima. Eu sei disso porque eu também olhava.

— Porra, olhar pra bunda a gente olha mesmo. Nada a ver.

— Mas você não olhava, você encarava. É diferente. Ainda mais se a gente está com a namorada ao lado. Aí é fatal.

— Ah, vou ligar pra Mariana. Foda-se. Tchau.

— Vai com o diabo que te carregue.

Dez segundos depois o telefone toca novamente.

— Vai se foder, Pezão! Não enche o saco!

— Nossa, Nando! — Putz! É a Ruth! — Por quê você sempre atende o telefone nervoso deste jeito?

— Desculpa, gata. Você e o maldito Pezão ligam sempre na mesma hora. Impressionante.

— Este seu amigo Pezão parece ser uma figura.

— Parece? Parece nada. Ele é uma figura. Não quero você perto dele... de jeito nenhum.

Ruth deu a risadinha de sempre.

— Olha só, eu estou muito cansada. Você me perdoa se eu ficar em casa pra descansar?

— Oh, gatinha, sem problema. Você precisa descansar sim.

Além disso eu estou louco pra ver o filme da Juciléia! Foi até bom.

— Brigadinha. Estou morta. Fiz umas 5 provas importantíssimas esta semana. Não vejo a hora de cair na minha cama.

— Isso. Descansa bastante, pois hoje á noite nós vamos aprontar muito por aí!

— É mesmo, é? — novamente a risadinha. — Hummmmm. E o que vamos fazer hoje á noite?

— Tudo!!!

— Olha lá, hein! Promessa é dívida.

— Claro, gata. Fica sossegada.

— Nando, meu travesseiro me chama. Beijão.

— Beijão, Ruth. Ah, que horas eu passo aí pra te pegar?

— Acho que 10 horas está bom. Eu costumo demorar muito pra me arrumar, viu?

— Ah, mas quando termina eu garanto que fica a gata mais linda deste mundo.

— Bobo! — outra risadinha. — Beijão, Nando. Estou louca pra noite chegar depressa.

— Eu também. Beijo!

Uhuuuuuu! Eu acho que hoje o sabadão promete! Hoje vai dar tudo certo. Hoje não tem Berimbau. Não tem Jurumina. Não tem segurança filho da puta. Não tem travesti maluco. Hoje sou eu e a Ruthinha. Só nós dois. Juntinhos. Aaaaaaaaaaaooooooooooo!

Tranquei a porta do meu quarto, peguei aquela maldita fita melada e enfiei no meu vídeo. Abaixei o volume da TV, é claro. Deitei-me na cama e peguei o controle remoto. O filme começou a rodar. Trailers. "Piranhas Pernetas 4". Puta merda! Piranhas Pernetas? Oloko! Oh, mexicano é tudo maluco? Lasquei o dedão no botão " >> " e passei a fita uns 14 minutos. De repente surgiu o título em letras garrafais... "Chavasques", em baixo saiu a legenda amarela escrito "Chavasques – Uma Aventura Anal". Putz! Brasileiro adora dar títulos dramáticos. O nome do filme é apenas Chavasques, mas chega no Brasil e os caras mudam pra Chavasques – Uma Aventura Anal. Brasileiro é foda mesmo.

Aaaaaaaaaaaaaaoooooooooooo! Juciléia vestida de Chiquinha está uma delícia! Meu, que pernas esta garota tem! Caralho, nem acredito que esta mina mora na minha cidade. Não é possível. Que coisa de louco! 

Ainda bem que tem legenda, vai dar pra eu acompanhar toda a bizarrice da estória. Quero dizer, se é que tem estória. Aaaaaaaaaaaaoooooooooooo! Chiquinha entra no barril do Chaves e... tchaca tchaca na butchaca. Caraca!!! Oh, coitado do barril... Cara, eu nunca pensei que ia ver isso na minha vida. Meu, o cenário é idêntico ao do Chaves! Como eles conseguiram isso? Superprodução pornô mexicana? Ai, caramba!

Aaaaaaaaaaaaoooooooooooo! Juciléia está peladinha fazendo gluglu no Chaves. Puta merda, eu que pensei que já tinha visto de tudo... hahahaha..... Este mundo só tem maluco mesmo. Aaaaaaaaaaaoooooooooo! O que é aquilo? Juciléia, Juciléia, como é que você conseguiu fazer isso? Meu, este filme é ducaralho!!! Putz grila! É uma pena que vocês não estão vendo isso... caraca! Juciléia biscate, casa comigo! Como é que ela consegue fazer um treco daqueles e não quebrar o pescoço ... Oloko!

Putz! O filme nem bem começou e já estou mais excitado que tarado em porta de vestiário feminino. Galera, vocês vão me desculpar, mas não vai dar pra eu continuar narrando o filme pra vocês... Sabe como é, né? Não dá pra escrever e .... ao mesmo tempo. Daqui a pouco eu volto. Espera, não saia daí. Don't touch the dial.

Uma hora e vinte minutos depois...

Aaaaaaaaaaaaoooooooooo! Eitcha filminho danado da porra! Zoinho tinha a razão, é o filme pornô mais bizarro da história. Meu, que suruba mexicana! Chiquinha fazendo gluglu no Chaves. Seu Barriga fazendo Chapéu Russo na Dona Florinda. Seu Madruga fazendo espanhola com a Bruxa do 71. Nhonho fazendo 69 com a Chiquinha enquanto a Dona Florinda enterra o dedo no Professor Girafális. Putz!!! Nunca vi uma suruba tão bizarra como esta. O mais engraçado de tudo é que alguns atores até se parecem com os personagens verdadeiros. Porra, o ator pornô que faz o Seu Madruga é a cara dele! Se não for irmão gêmeo.... sei lá. Meu, a Juciléia foi a única que deu pra todo mundo no filme. Até uma cena lésbica com a Bruxa do 71 rolou. Maldita Juciléia dos infernos, como é que eu nunca vi esta garota antes aqui na minha cidade? Oh, eu teria cuidado direitinho dela... hehehe... não deixaria ela ter ido pro México não. Eu adoraria vê-la brincando com o meu Nhonho. Putz! Vai ser muito estranho encontrar esta garota num boteco qualquer. Acho que vou ficar de bilau duro na hora, só de lembrar do filme.

Agora eu preciso apagar estas imagens bizarras da minha mente, afinal hoje á noite tem Ruthinha!!! Uhuuuuuu! Putz! Nem consigo imaginar a Ruthinha fazendo aquelas posições do filme. Não, isso é impossível. Uma garota como ela nem cogitaria fazer uma coisa daquelas. Ou toparia? Hehehe.... não, não toparia. Ah, mesmo assim... O sabadão promete!!! Uhuuuuuu!

Rebobinei a fita e a coloquei de volta na caixa toda melada. Iéc!!! A fita está até fedendo. Ao desligar o vídeo a TV passou automaticamente para a Globo. Futebol. Galvão Bueno narrando Atlético Paranaense X São Paulo. Tô fora. Desliguei e voltei pra cama. Talvez seja uma boa idéia tirar um cochilo. Quero chegar em ponto de bala pra Ruthinha. Au au au ... Ruthinha é animal! Poxa, fazia muito tempo que eu não encontrava uma garota assim tão legal como ela. Estou sentindo ótimas vibrações a respeito do nosso relacionamento. :)

A noite chega...

Pezão passa em casa pra pegar a fita. Quando eu contei como foi o filme ele tomou a fita de minhas mãos, pulou no Corsa e saiu queimando os pneus... novidade, né?

Tomei um super banho de 40 minutos. Lavei tudo. Não sei onde a Ruthinha vai querer colocar a mão em mim, né? Hehehhe.... por via das dúvidas lavei até lá. Pois é, lá mesmo.

Dei aquela escovada reforçada nos dentes e na língua também. Ouvi dizer que a nossa língua tem muitas bactérias. Eu, hein!

Uma aparadinha nas costeletas e... pronto. Nando está pronto para uma noite de Love. O sabadão promete!!! Porra, será que é bom ficar repetindo isso? Naquele sábado trágico eu fiquei fazendo isso e deu no que deu, né? Ei, não ri não, viu? Um dia aquilo pode acontecer com você também. Afinal Murphy nasceu pra todos.

Bom, já estou lindo, cheiroso e gostoso. Está na hora da checagem final:

Carteira : Ok!

88 Paus e alguns trocados : Ok!

Celular : Ok!

Camisinhas : Ok! Uhuuuuu!

Halls Eucalipto: Ok!

Chaves de casa: Ok!

Beleja, tudo em ordem. Ruthinha, aqui vou eu!!!!

Eu ainda não conheço a casa dela, mas sei mais ou menos onde fica. Na verdade eu só tenho o endereço e o número. Bom, pelo menos eu sei ler, né? Eu me viro. O importante é ela estar lá me esperando. Espero que esteja usando um vestidinho bem apertado. Adoro isso! Fico completamente maluco. Mas... muito apertado também não é bom. A cuecada dos infernos fica com os olhos arregalados. E todo mundo sabe que olho gordo é uma bosta. Olho gordo existe, galera! Eu já vi muita gente derrubar sorvete por causa dele. É foda. Mistério Misterioso do Infinito Misterioso.

Quarenta minutos depois...

Oh, a mina mora longe pra caralho! Se eu soubesse teria vindo de bike mesmo. Ia pagar o maior mico, mas pelo menos eu estaria menos cansado.

A casa dela é muito bonitinha, toda pintada de verde-oliva, duas janelas persianas e um baita portão de ferro. Legal.

Eu costumo ficar nervoso quando vou conhecer os pais da namorada, mas hoje estou sentindo uma boa vibração. Pela primeira vez na vida eu sinto que os pais dela vão me adorar. É claro que vão. A Ruth é um doce de pessoa. Certamente herdou isso dos pais, né? Uhuuuuuuu! O sabadão promete!!!

Toquei a campainha. Logo em seguida a porta se abriu e a Ruthinha apareceu. Fiu fiu!

— Nossa senhora! Ruth, você está linda! Quero dizer, você já é linda, mas ... uau!

Ela deu um baita sorriso e veio até o portão.

— Bobo.

Lasquei um beijão nela. O Nando Jr. até acordou.... hehehe

— Vem aqui, Nando, eu quero que você conheça o meu pai.

Entramos em sua casa e vi um homem de costas na cozinha. Era o pai dela. Estou sentindo ótimas vibrações. Já estou vendo ... nós dois conversando sobre futebol, marcando finais de semana pra caçarmos juntos.... garanto que vamos ser bons amigos. Quem sabe até o sogrão? Oh, quem diria... acho que estou apaixonado pela Ruth.

— Papai, este é o Nando, o meu namorado...

O homem se virou e...

Puta que o pariu!!! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!! Hitler!!!!!!!!!

( FIM )