“A Garota dos Cabelos Verdes”
CapÃtulo 4 – O Banheiro
E Pezão saiu fincando outra vez. Caroline grudou em mim e nos beijamos outra, e outra, e outra, e diversas outras vezes. O bicho está pegando. Já meti até as mãos nas coxas. É hoje!!!
Nem percebi quando chegamos à pizzaria. Só ouvi alguém me chamando:
— Oh, vocês dois aà atrás! — era a Carolina. — Se quiser a gente deixa vocês num motel! — e deu uma risadinha.
Afastei meus lábios de Caroline por um instante e falei para a irmã:
— Por mim já estarÃamos lá.
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Pois é, mas não fomos para o motel. Entramos na pizzaria recém inaugurada. Muito bacana o lugar, todo novinho e bem decorado. Luz fraca, perfeita para uns bons amassos. Bem vazia, diga-se de passagem.
— Meu, este povo daqui não sai de casa nem no sábado? — disse Carolina, olhando para as mesas vazias.
— O povo daqui prefere um motel — falei.
E todo mundo riu.
Caralho, fala sério, as duas irmãs são gostosas pra cacete. O único problema é quando estão lado a lado, pois os cabelos me fazem lembrar a camisa do Fluminense.
Sentamos na última mesa. Quem não gostou muito foi o garçom, o coitado vai ter que dar uma puta volta só pra nos atender.
— Hmmmmmmmm! O cheirinho está muito bom, hein! — disse Caroline, ajeitando-se ao meu lado.
Logo em seguida o garçom chegou à mesa.
— Boa noite — e deixou 2 cardápios conosco.
Eu nem estava com muita fome, mas o cardápio tinha umas fotos tão boas que acabei criando apetite. Quem estava realmente com fome era a Caroline. A mina estava quase babando sobre o cardápio.
— Ai, eu adoro pizza fria com café! — disse ela, lambendo os beiços.
— Xiiiiiiiii, eu acho que assim eles não servem — falei.
— Bobo, eu sei que não. Só estou dizendo que eu adoro quando sobra pizza da noite anterior, aà de manhã eu pego ela da geladeira e como com café. Uma delÃcia!
— Esta aà tem cada mania! — disse Carolina. — Pizza fria, Miojo cru ...
— Miojo cru é gostoso pra caralho! — disse Pezão.
— Meu, fala sério!Â
— A conversa está boa — cortei. — , mas precisamos fazer o pedido. O garçom já está nos observando com cara de bunda.
— Por mim, tanto faz — disse Pezão.
— Eu queria experimentar esta de cebola — disse Caroline, apontando para o cardápio.
— Cebola? — irritou-se Carolina. — Mas nem morta! Pede pra vocês dois então.
Olhei para Caroline e falei:
— Você não acha que a cebola vai deixar um gosto meio ...
— Ah, mas eu quero! — resmungou Caroline, quase batendo os pés no chão.
Carolina olhou pra mim e fez uma cara de quem diria: "liga não, minha irmã sempre foi fresca assim mesmo". Depois ela olhou para o Pezão e disse:
— Milho verde com frango, o que acha?
— Eu prefiro isso aqui ... — e Pezão lascou um beijo na mina. Filho da puta, faturando à s minhas custas. Vai ficar me devendo esta pro resto da vida.
E foi assim que pedimos duas pizzas. Uma de cebola e outra de milho verde com frango. Pra variar eu tomei no cu, não é? Meu, cebola? Fala sério! Como é que eu vou conseguir beijar a mina com um bafo desse? Ah, ninguém merece.
Depois que o garçom saiu com o nosso pedido eu falei para o Pezão:
— Este garçom não me é estranho.
—Â Eu ia dizer justamente ...
De repente Pezão começou com aquele geme-geme outra vez. Meu, será que Carolina está tocando uma punhetinha pra ele debaixo da mesa? Olha lá! Pezão até fechou os olhos. Oh, procurem um motel, porra!
— O que houve? — disse Carolina, assustada.
Ufa! As mãos dela saltaram sobre a mesa. Nada de punhetinha pro Pezão.
— O cara está gozando! — disse Caroline, mas disse tão alto que as poucas pessoas na pizzaria olharam para a nossa mesa.
— Ai que delÃcia, ai que delÃcia! — sussurrava Pezão.
— Meu, mas que brincadeira mais idiota é esta? — disse Carolina, meio irritada. — Olha o mico que estamos pagando!
— Pezão, pára com isso, cara!
E Pezão parou. Seus olhos abriram novamente. Até ele parecia meio assustado. Parecia ter acordado de um transe.
— Hã? O que foi? Hein, quando?
— Meu, se liga! — resmungou Carolina. — Você é doido?
Pezão fez uma cara de quem comeu e não gostou. Alguma coisa aconteceu.
— Puta merda! — disse ele, do nada.
— O que foi? — perguntei.
— Preciso ir ao banheiro — ele respondeu, com uma puta cara de pânico.
Pezão levantou-se todo contorcido, como se estivesse com uma puta caganeira ou algo parecido. Puxava a camisa pra baixo, como se quisesse esconder alguma coisa ou sei lá. Passou por mim todo torto e me falou baixinho:
— Vem comigo, preciso lhe contar uma coisa.
— Eu não! Quem gosta de ir de par até o banheiro é mulher!
— Levanta, porra! É sério! Preciso lhe contar um bagulho.
— Vai lá, Nando! — disse Caroline, cutucando-me com o ombro.
Meu, pra falar a verdade eu estou pegando raiva desta mina. O problema é que ela é gostosa e eu estou necessitado. Vou ter de suportar.
Bom, levantei-me e acompanhei o filho da puta até o banheiro. O cara me fez pagar o maior mico, Pezão parecia aquele personagem, o QuasÃmodo, Corcunda de Notre Dame. Entramos no banheiro e já fui tirando uma onda:
— Meu, fala sério, você cagou na calça?
Pezão ergueu a camiseta e apontou para a calça, dizendo:
— Não caguei, mas gozei na calça.
Realmente a calça estava toda manchada na frente. Ou ele gozou ou se mijou todo.
— Meu, mas como assim? Só por causa de um beijo? Eu não sabia que você tinha ejaculação precoce.
— E não tenho!
— Se não tinha, agora tem.
— Não tenho, porra! Não gozei por causa do beijo, cacete!
— Filho da puta! Então ela tocou uma punhetinha pra você debaixo da mesa?
— Quem me dera. A biscate nem encostou em mim.
Pezão pegou um punhado de papel higiênico, virou-se para o mictório e começou a limpar a melequeira toda. Putz, que nojo!
Enquanto Pezão se limpava eu lembrei de algo:
— Espere um pouco, então aquela hora no carro você também gozou na calça?
Ele continuou com a limpeza, mas respondeu:
— Sim, mas aquela foi fraquinha, se compararmos com esta última.
— Não estou entendendo, você fala como se fosse uma coisa normal.
— Preciso lhe contar uma coisa, já faz uma semana que isso vem me acontecendo.
— Duvido. Até quando peida diferente você me liga pra contar.
— Eu ia contar hoje de tarde, mas aà a porra do seu telefone só dava ocupado.
— Claro, seu bosta, eu estava conversando com a Caroline.
—Â Eu sei.
Pezão fechou o zÃper da calça, jogou o papel higiênico no lixo e enquanto limpava as mãos com água e sabão ele disse:
—Â Acho que estou gozando com o pau do outro.
Ninguém merece.
— Como é que é?
E comecei a rir feito uma hiena saindo de um coma. Minha risada foi tão alta que deve ter aguçado a curiosidade de todos na pizzaria. Devem estar se perguntando: "O que será que houve com o Corcunda de Notre Dame?".
— Eu acho que sei o que está acontecendo comigo. Da mesma forma que implantaram um pinto em mim ... o meu foi implantado em outra pessoa, certo?
— Sei lá! Eu jogaria fora.
Pezão prosseguiu com a sua teoria:
— Eu acho que o cara que recebeu o meu pinto está botando pra quebrar.
— E quem goza é você?
Pezão fechou a torneira e disse:
—Â Oh, yeah!
— Mas então você não está gozando com o pau do outro. Na verdade é o outro que está gozando com o seu pau. Espera aÃ, também está errado. Você está gozando com o seu próprio pau, mas com o corpo de outra pessoa e ...
De repente alguém saiu detrás de uma portinhola. Putz! Tinha gente no banheiro ouvindo o nosso papo. O cara vai achar que somos dois malucos fugitivos de algum manicômio.
O cara veio, limpou as mãos e nem olhou nas nossas caras. Saiu de fininho. Eu, hein! Cara esquisito.
Alguns milésimos de segundos depois nós percebemos o porquê. Meu, o cara deixou o banheiro com o maior cheiro de carniça que eu já senti na minha vida!!! O cara não cagou, ele simplesmente deve ter estuprado um urubu atrás daquela portinhola. Fala sério!!! SaÃmos correndo do banheiro, antes que o cheiro maldito impregnasse em nossas roupas. Pezão saiu abaixando a camisa o máximo que pôde, visto que sua calça, apesar de limpa, ainda estava meio molhada.Â
Quando saÃmos a pizzaria estava quase cheia. Imaginem a cena: Eu correndo feito um louco e Pezão vindo atrás, pulando feito um corcunda maluco e desesperado. Sem contar que logo atrás vinha aquele maldito cheiro de esgoto vencido. Sim, o cheiro estava tão forte que veio atrás de nós, igual quando você peida e ele lhe acompanha. Sabe como é?
Sentei. Finalmente! Ainda assim notei vários olhares na direção da nossa mesa.
— Puta que o pariu! — disse Caroline, depois levou a mão esquerda até o nariz.
Carolina fez a mesma coisa, depois olhou para o Pezão e disse:
— Meu, você .... cagou na calça?
— Eu? Não, porra!
Carolina olhou pra mim e ...
— Então foi você!
— Sai fora! Eu nem queria ir ao banheiro, só fui para acompanhar o ...
— Mas que cheiro terrÃvel é este?
Pezão me olhou com aquela cara de filho da puta e falou para as minas:
— Perdoem-me o meu amigo, ele tem problema de gases e ...
— Seu filho da puta! Nem inventa, caralho! — e olhei para as minas, dizendo: — Mentira dele, não tenho problema de gases porra nenhuma!
— Mas que vocês estão fedendo ... estão! — disse Carolina.
— Um de vocês cagou na calça — disse Caroline. — Tudo bem, é super normal. Eu mesma já fiz uma vez. Foi logo no meu primeiro encontro, eu ....
O garçom apareceu à nossa mesa, dizendo:
— Com licença, aconteceu uma coisa.
— Com as nossas pizzas? — perguntei. — Mas que demora é esta? Ainda não estão prontas?
— Não, senhor, as pizzas já estão quase prontas, o que eu vim dizer é que ...
Pezão cortou o cara, dizendo:
— Porra, se as pizzas estão quase prontas você está esperando o quê?
O garçom ficou puto da vida.
—Â Eu vim aqui pra dizer que houve um ... probleminha no banheiro.
Pezão olhou pra mim, depois olhou para o garçom e disse:
—Â E daÃ?
— O gerente quer falar com vocês dois, por favor.
— O gerente? — eu falei.
— O que vocês aprontaram no banheiro? — perguntou Carolina.
— Nós não fizemos nada, caralho! — gritou Pezão, chamando a atenção de todo mundo na pizzaria.Â
— Por favor, o gerente gostaria de falar com vocês.
Olhei puto da vida para o garçom e falei:
— Porra, você parece um papagaio! Só sabe dizer isso?
O garçom ficou ainda mais puto.
— Olha aqui — disse ele, olhando fixo para mim. — , eu tenho 3 filhos para criar e dependo desta porra de emprego! Será que vocês dois poderiam facilitar a minha vida e me acompanhar até o gerente? Eu acho que ele só quer fazer umas perguntinhas. Por favor.
Caroline me cutucou outra vez, dizendo:
— Vai lá, Nando! Coitado do moço.
Carolina estava vermelha de tanta vergonha, ou de raiva. Aposto que se voltarmos para a mesa ela já terá ido embora.
Bom, lá fomos nós até o gerente. Todo mundo olhando para nós outra vez. Eu não consigo entender como uma simples ida à pizzaria acaba se transformando numa confusão dessa. Eu devo ter jogado cocô na cruz.
O cara estava nos esperando em frente a porta do banheiro com a maior cara de cu que eu já vi. Estava de terno e gravata, todo engomadinho, parecia um padrinho de casamento. Com um pequeno lenço branco na mão direita ele tapava o nariz.
— Vocês dois — disse ele, olhando para nós com o maior nojo do mundo.
— O que você quer com a gente? — perguntei.
— Eu ia chamar a polÃcia, mas eu não quero propaganda negativa para a minha pizzaria.
— Chamar a polÃcia? — disse Pezão.
— Nós não fizemos absolutamente nada! — falei.
— Nada? — disse o gerente, retirando o lenço por um segundo. — Têm certeza disso?
O engomadinho fez sinal para o garçom abrir a porta do banheiro. Após o garçom cumprir sua ordem o gerente fez sinal para a gente entrar. O cheiro veio tão forte que eu me senti quase que jogado para trás. Um casal que estava numa mesa próxima à porta do banheiro afastou-se e foi para outra mesa.
— Rápido! — disse o gerente, apontando para dentro do banheiro.
Entramos os quatro.
— Santa Maria mãe de Jesus! — disse o garçom, com os olhos marejados.
O gerente voltou a lançar aquele olhar de nojo sobre nós, e disse:
— Vocês vão me pagar pelo que fizeram.
— Mas nós não fizemos porra nenhuma!!!! — falei.
Meu, eu estou louco pra chutar o saco deste engomadinho filho de uma puta!
— O responsável por este rebosteio todo foi um filho da puta que saiu detrás daquela porta ali! — disse Pezão, apontando para a portinhola de onde saiu o cagão.
— O cara ficou tão sem graça que nem olhou na nossa cara — eu disse. — Deve ter feito um turuzão do tamanho de um bonde e não conseguiu dar descarga.
— Os únicos que estavam no banheiro eram vocês dois — disse o garçom.
— Então você é cego, seu bosta! — falei, puto da vida. — Além disso você fica monitorando quem entra e quem sai do banheiro? Nunca vi nenhum garçom fazer isso!
O garçom veio pra cima de mim e eu mandei um soco no meio do nariz do babaca. Antes que eu pudesse dar o segundo golpe o gerente puxou o garçom para o lado.
— Nada de pancadaria na minha pizzaria! — disse o gerente.
— Sua pizzaria? — falei. — Você é gerente ou proprietário da bagaça?
Putz! O cara ficou irado comigo. Senti suas veias dançarem sobre a testa. Ele não disse nada, caminhou até a portinhola, empurrou-a com o maior nojo do mundo e aà disse:
— Eu só quero uma explicação sobre o que vocês fizeram.
Pezão ficou puto.
— Meu, quantas vezes eu vou precisar repetir que nós não fizemos porra nenhuma???
— Até vocês me explicarem o que é aquilo aqui — disse o engomadinho, apontando para a privada.
— Você nunca viu um cocô na sua vida? — perguntei.
— Cocô eu já vi muitos, mas aquilo ali ... não!
Fomos até a tal privada e demos de cara com algo que nunca tÃnhamos visto em nossas vidas. Perdi até o fôlego, só consegui abrir a boca para dizer:
—Â Santa Pixirica!!!!