"O Show do Rappa"
Capítulo 5 – O Rappa no Palco. Agora o Bicho Pega!
SANTA PIXIRICA!!! Diga que não é verdade! Diga que não é verdade! Não é possível isso acontecer comigo! O que eu fiz de ruim para merecer isso? (Bom, na verdade eu fiz muitas coisas ruins para merecer isso.) Mas não é justo! Eu já vi meninas feias nestes meus 19 anos de vida. Já vi meninas que pareciam cruzamentos de girafa com o filho do demônio. Sim, amigos, eu já vi. E garanto que você também já viu. Mas... Letícia.... ou Lelê para os íntimos... superou todas. Lelê é tão feia, mas tão feia, que ao me virar em sua direção eu pensei que havia morrido e o coisa-ruim estava ali pra me levar. Lelê é tão feia que conseguiu abrir um clarão próximo ao bar. Todos ficaram com medo dela. Lembra daquela sua vizinha feia pra caralho? Lembrou, né? Sei que você deu uns amassos com ela naquele feriadão em que todos foram para a praia e vocês ficaram sozinhos. Bom, mas isso não vem ao caso. O importante é que você lembrou dela, né? Então... multiplique a feiúra dela por 500. Agora acrescente duas Dercy Gonçalves e mexa bem. Depois deixe ela chupando limão sobre um formigueiro por mais 5 horas. O resultado? O resultado ainda será bem melhor do que Letícia, ou Lelê para os íntimos.
— Hummm, agora dá pra eu ver o seu rosto. — disse ela, apertando carinhosamente minha mão.
E agora? O que eu faço? O que eu falo? Eu mal consigo olhar pra ela!
— Pois é. Lá estava escuro, né?
O povo ao meu redor olhava para Letícia um pouco assustado. Caro leitor, não pense que eu estou zombando da garota. Não é isso! Eu só não tenho culpa da mina ser o maior tribufu do inferno que já vi em toda a minha vida!!! Agora eu entendo porquê ela se dá bem com os mortos. Acho que eles pensam que ela também já morreu, e de um acidente bem feio, tipo batida de caminhão basculante com trem-bala.
— Você é muito bonitinho. O que achou de mim?
Puta merda! Eu já me vi em situações complicadas, mas esta aqui vai entrar para a história. Maldito Pezão, ele tem as manhas de dizer para a mina: "Olha, tu é feia pra caralho!". Mas eu não sou assim.
— Olha, tu é mó gatinha.
Pra quê acabar com a noite da garota, não acham? Só porquê a minha noite está uma bosta não é justo eu fazer um rebosteio geral na noite da Lelê.
— Brigadinha. — ela sorriu pra mim. Será que sorriu? Seu rosto é muito estranho. Bom, acho que sorriu, ou seria uma fungada? Sei lá. — Preciso ir ao banheiro. Não saia daqui, ta?
Fiz sinal positivo com a cabeça. Estou transtornado demais para dizer alguma coisa. Preciso tomar alguma coisa! Além de tomar no cu, é claro. Pois não sei se vocês já perceberam, mas só tomei no cu até agora. Isso, vou encher a cara! Talvez bêbado a Lelê fique parecida com a Sheila Carvalho, não concordam? Você deve estar gostando da minha desgraça, não está? Claro que está. Baranga no pau dos outros é diversão.
Putz! Cabeção vem vindo pro meu lado. Ele é o maior xarope que já conheci. Outro playboizinho metido a gostosão. Ás vezes saía comigo e Pezão para as baladas. Mas agora está namorando e sumiu. Ainda bem! Mas agora está aqui.
— Diz aí, Nando! — disse ele, acariciando seu cabelo melado com gel. Eu também uso gel, mas ele usa um tubo por noite. Fala sério!
Putz! Será que ele me viu com a Lelê? Aí fodeu.
— Eu não sabia que você costuma levar seu cachorro para passear à noite!
Do que ele está falando? O filho da puta começou a rir. Putz! Só agora caiu a ficha.
— Não fala assim da mina, Cabeção. Porra!
— Desculpa, aquilo com você era uma garota? Caralho, eu pensei que fosse um daqueles anões feios pra caralho que tem no programa do Marcos Mion.
— Vai se foder, cara. — e empurrei o mala. Cabeção, já meio bêbado, quase caiu dentro do salão. Os outros playboizinhos de merda o seguraram. Depois disso me afastei. Não estou a fim de briga. Estou a fim de uma birita!!! Só a birita me salva hoje.
Cheguei no caixa para fazer meu pedido. Não havia fila. Só eu. O mesmo cara ainda estava ali atrás do guichê. O mesmo que não quis vender a cerveja e a Pepsi para Kátia, a biscate.
— Se deu mau, hein! — disse ele, retirando alguma coisa entre os dentes.
— Porra, e precisa me dizer?
— A outra, a moreninha, aquela é uma tremenda biscate. Deve dar um cu como só ela sabe. Seu amigo, o playboizinho, aquele se deu bem.
— Tomara que a mina tenha gonorréia.
Incrível! Consegui fazer o caixa dar uma risada. Em tantos anos de clube eu nunca vi aquela figura sorrir.
— Não duvido nada. Aquela dá pra todo mundo nos finais de semana. — ergueu o corpo e olhou pelo guichê. — Cadê a coisinha feia?
— Foi ao banheiro. Deve ter ido bater um barro. Enquanto dançávamos eu senti um puta cheiro estranho. Acho que era ela peidando. Sei lá. A mina é mó estranha.
— Será que ela consegue distingüir quem é ela e quem é a merda?
Putz! Coitada da Lelê. Mesmo assim eu acabei rindo do que ele disse.
— O que acha que eu devo fazer, cara? — xiiiiiii, resolvendo problemas com o caixa do bar do clube? Tô literalmente fodido. Cheguei ao fundo do poço.
— Ah, não sei não. Só não faça com a sua vida o mesmo que eu fiz com a minha.
Puta merda. Agora o caixa vai querer contar sua história de vida. Fodeu mais ainda.
— Pois é. — Tentei sair fora. — Tem Brahma aí, meu velho?
— Ouça o que eu vou lhe dizer... na sua idade eu também era assim. Ficava escolhendo muito. Só ia nos filés. Sabe o que aconteceu comigo? Estou eu aqui, 33 anos, solteiro, ganho uma bosta de um salário e não como ninguém. Nem sei mais como é uma xereca. Ainda tem pêlo e tal? — Fiz que sim com a cabeça. Não quero alongar o assunto. — Então, é isso que tenho a lhe dizer. Não seja tão seletivo. Nem sempre a mulher dos seus sonhos é uma Izildinha Goretti.
— Quem?
— Ah, não é do seu tempo. Só te digo uma coisa, os peitos de Izildinha eram capazes de amamentar um exército. Sua xereca era tão cheirosa que fizeram até um perfume. Vinha nuns vidrinhos muito bonitos. Você é muito garoto pra se lembrar disso. Minha tia usava este perfume: Xereca de Izildinha. Bons tempos...bons tempos...
— Pois é. E a minha cerveja?
— Ah, sim, desculpa. — e olhou meio estranho para mim. Putz! Já sei. — Que porra é esta aí na sua língua? Comeu cocô?
Fiquei na minha. Melhor ficar quieto e me livrar dele. Enquanto isso vi Lelê sair do banheiro.
— Caralho! É feia demais, cara. — eu disse em voz baixa.
O caixa me entregou a latinha de Brahma. Abri rapidamente e tomei 2 goles. Eu mereço, não mereço? Claro que mereço.
Virei para o caixa e disse:
— Foda-se, vou seguir seu conselho. Vou ficar com a mocréia esta noite.
O caixa me olhou espantado e me disse:
— O quê? Você está louco? Siga o meu conselho amanhã! Aquilo ali eu não comeria nem se um Padre fizesse exorcismo!!! Eu, hein!
Puta merda! Lembrem-me de nunca mais ouvir histórias de um caixa de bar! Pelo menos as do Gordo são engraçadas.
Lelê se aproxima. Quase não consigo olhar pra ela. Ela me lembra a namorada do Ashley, do filme "A Morte do Demônio". Lembra daquela cena em que ela fica presa no porão? Putz! Esta é a Letícia, ou Lelê para os íntimos. Será que se eu tomar esta latinha de uma vez só e correr com a Lelê até o meio do salão escuro eu consigo esquecer que ela é a cara da filha do diabo? Não custa nada tentar, né?
— Oi, sentiu minha falta? — disse Lelê, ajeitando a calça apertada naquela bunda murcha.
— Opa, senti sim.
Na verdade eu senti falta de uma espingarda. Estou louco pra dar um tiro na minha própria testa e esquecer o que vim fazer aqui neste mundo cruel.
— O banheiro não tinha papel higiênico. Acredita nisso? Não deu pra eu me limpar.
Oh, será que só eu ouvi isso? A mina, além de ser a cara do satanás, vai começar a feder carniça? Porra, assim já é demais. Eu devo estar num pesadelo. Deve ser isso. Vou me beliscar. Puta merda! Não é pesadelo, o beliscão doeu pra caralho! Alguém aí já assistiu Contos da Crypta? Se você nunca assistiu aproveite, pois isso aqui está praticamente a mesma merda. A única diferença é que aqui não vai ter nenhum diretor dizendo "Corta!" no final da cena. Aqui é a vida real. No final eu vou acabar fodido. Só não sei como e onde. Mas vou acabar fodido, disso eu tenho certeza.
Não, pára com isso! Pensamento positivo! Será que eu consigo? Afinal eu estou com a mina mais feia da festa, além disso já estou sentindo um cheirinho de ovo podre.
— Que coisa chata, hein! — eu disse, fingindo indignação. — Não tinha jornal, nada?
Neste momento ouvi uma puta gritaria vindo do salão. Isso só pode significar uma coisa! O Rappa no palco! Tomei a metade da latinha num só gole, agarrei o braço de Lelê e corremos feito loucos para o salão. Foda-se. Vou pular tanto que nem vai sobrar tempo para lembrar da cara feia de Lelê.
Depois de muito empurra-empurra, cotoveladas, sovacadas, beliscões na bunda e tudo aquilo que só uma multidão faz por você.... chegamos até um ponto legal dentro do salão. Não estávamos nem muito perto nem muito longe. O importante é que estávamos. Eu e Lelê. Finalmente sobre a escuridão. Oh, coisa boa! Agora no escurinho a Lelê vai dar pro gasto. Isso se o cheiro da xereca suja dela não me deixar tonto e eu desmaiar, né?
O Falcão, vocalista, pegou o microfone e começou a dizer algumas palavras. Não entendi direito, pois.... eu estava beijando Lelê!!! Sim, e de língua! Como diria o velho filósofo: Fodido por 1, fodido por 10! Enquanto eu passava minha língua preta pelo céu da boca de Lelê o Falcão dizia:
— ... e é uma puta honra pra gente estar aqui tocando pra vocês. — A multidão gritou e aplaudiu pra caralho. — Eu, em nome da banda, peço desculpas pelo atraso. Vocês não imaginam os filhos da puta que encontramos na estrada. Dois palhaços num Gol vermelho.....
O quê? Eu ouvi bem? (Minha língua ficou paralisada dentro da boca de Lelê) Gol vermelho? Será que .. ?
Falcão prosseguia:
— Eu não sei se estes dois estão aqui no show. Na verdade eu não dou a mínima, eu só digo uma coisa, se vocês dois estão por aqui..... PEGUEM AQUELE ADESIVO DO BAD BOY E ENFIEM NO CU!!!
Puta merda! O carro do Pezão tem um adesivo...
O celular toca. Nem sei como consegui ouvir.
— Alô? — atendi.
— É nóis na fita, manô!! — Pezão, é lógico, aos berros.
O Gol vermelho do Pezão tem um puta adesivo "Bad Boy" no vidro de trás.
— O ônibus era dos caras! Puta merda!
Pezão não parava de rir ao celular.
— Fica quieto aí, cabação! Se esta galera descobre que somos nós os "dois babacas" responsáveis pelo atraso do show nós estaremos mortos! Segura a tua onda, mano!
— Dá um tempo, Nando! — e desligou o celular. Maldito Pezão filho da puta.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Lelê, agarrando a minha bunda.
— Nada não.
Só sei que nunca mais compro CD dos caras. Não costumo comprar nada de quem me manda enfiar coisas no meu cu. Concordam?
Enquanto isso o Rappa já estava tocando "... todas comunidades do engenho novo. Eu moro na comunidade do engenho novo." Não está entre as minhas músicas favoritas, mas... foda-se. Agarrei a bunda murcha de Lelê e me esfreguei ao máximo naquele amontoado de carne seca. Putz! Acho que a birita já está agindo. Ah, manda bala! Saiu na chuva é pra se molhar, certo?
O tempo foi passando e fui me esquecendo da feiúra de Lelê. Só achei uma pena ela ter aquela bunda murcha e os peitos ovos-fritos. Necessitada como ela está.... eu teria acesso livre aos dois.... hehehe.... Putz! Marvada birita! Olha só o que ela está fazendo comigo! Eu, encoxando a própria filha do satanás. Isso não deve ser nada bom para o meu currículo.
Quem é vivo sempre aparece.... Mamute. Agora sozinho.
— Cadê a loira? — perguntei, abraçado à Lelê. Pois é. Que dureza!
Mamute custou pra me achar. Estava meio chapado e com a cabeça baixa.
— Hã? Nando? Porra, cara, a gata me deixou.
Opa! Será que agora eu tenho chance com a peituda?
— Caralho, Mamute! Mas o que aconteceu?
Dica: Você até pode sentir tesão pela mulher do próximo, mas nunca demonstre se você estiver próximo.
— Ah, sei lá, ela começou a falar uns negócios em inglês ... tipo ... fãquiu... fãquiu ... sei lá. Não entendi nada. Só sei que tomei um pé na bunda.
— Esquenta não, cara! — Porra, enquanto estou aqui falando a loira está desamparada por aí!!! Bom, na verdade eu duvido muito disso. Uns peitões daqueles nunca ficariam desamparados em lugar algum. Nunca!
— Vou dar uma mijada. — disse Mamute, com os olhos cheios de lágrimas. — Porra, nem consigo me lembrar onde fica esta merda deste banheiro.
Também estou louco pra dar uma mijada. Acho que vou acompanhar o Mamute.
— Você me espera aqui, Lelezinha? Preciso ir ao banheiro. Já volto.
— Vai lá, gato.
Eu disse Lelezinha? Putz! A birita é da boa mesmo!
Neste momento a banda começou a tocar minha música favorita: "Lado B Lado A". Mas não tem jeito, eu realmente preciso mijar. Ou vou acabar mijando pra todos os lados, lado B, lado A, lado C e o escambau. Quando o bicho pega não tem outra solução a não ser o bom e velho WC.
Garotas, se vocês ainda não tiveram a oportunidade de conhecer um WC masculino... nem percam seu tempo. Não perderam nada. Um fudum desgraçado, o chão todo molhado com água, mijo e sabe-se lá o que mais.... Putz! Dá até arrepio. Geralmente você tem o mijódromo, que é aquele latão comprido na altura da canela. Não costumo usar as privadas não. Sempre que me arrisquei encontrei cada puta cocozão boiando. Ah, sai fora! Embrulha o estômago ver aqueles submarinos marrons girando naqueles vasos amarelos e imundos. Além disso você corre o risco de olhar para o lado e encontrar um daqueles poemas lindos, tipo: "Cagar é um coisa profunda. A merda bate na água. A água bate na bunda.". Lindo. Comovente. Não acham? Mas, pra mim, o pior do WC masculino é o simples fato de estar cheio de pessoas do sexo masculino. Não gosto de ficar rodeado por um monte de caras bêbados com o bilau pra fora não. Sai fora! E sempre tem aqueles que ficam te olhando. É verdade. Sempre tem aqueles que vão ao banheiro só pra comparar o próprio bilau com os dos outros. Pois é. Eu adoraria descrever como é a situação nos banheiros das garotas, mas infelizmente eu só entrei uma vez, e mesmo assim não prestei muita atenção aos detalhes, pois eu estava mais preocupado com os detalhes da calcinha da ruiva Ana Paula. Oh, coisinha fofa! Carinha de anjo, mas ... só a carinha! Aquela dava mais que chuchu na serra. Melhor nem pensar nela, ou não vou conseguir voltar para os braços de Lelê satanás.
Eu e Mamute mijando. Lado a lado. Ambos olhando para a parede, como devem se comportar dois machos num banheiro.
— Por quê ela me largou, cara? — Puta merda, Mamute chorando! Era só o que me faltava.
— Sei lá, cara! Pára com esta choradeira! Tu é macho ou não é?
De repente começo a ouvir vozes. Uma destas vozes não me é estranha.
— Todo mundo pra fora! Vamos! Saindo!
Eu conheço esta voz! Sim, é o segurança que tirou uma onda com a minha cara lá no portão do clube. Maldito filho da puta.
Após os seus gritos ouvi uma penca de gente levantando os zíperes e saindo em disparada. Senti até um jato de mijo passar raspando no meu calcanhar. Virei-me imediatamente para ver quem fora o filho da mãe.
— Porra, vai mijar nas costas da sua mãe, cara!
Para a minha surpresa só estávamos eu, o Mamute, o segurança babaca e um outro segurança dentro do banheiro. Puta merda, não estou gostando nada disso. Tentando passar tranqüilidade, voltei a mijar sossegado. Foi quando o outro segurança disse:
— Vocês dois aí. Vocês vão ter de nos acompanhar.
O quê? Oh, está louco? Que papo é este? Terminei a mijada e guardei meu "Nando Jr." dentro da cueca. Aquilo só podia ser brincadeira. Eu não fiz nada! Nem o Mamute! Ou será que fez?
— Dá um tempo! Que brincadeira é esta? Ah, isso é algum tipo de trote, né? Bem engraçado, agora eu posso voltar pro show?
— São ordens do Berim.... quero dizer, do chefe.
— Porra, que sacanagem é esta? — sinto que meu coração está prestes a sair pela boca. — Quem comeu a irmão do Berimbau foi o Pezão! Nós dois não temos nada a ver com isso não!
— Estou cagando e andando, cara. Ordens são ordens.
Tentei gritar por socorro. Mas do que adiantaria? Os caras são seguranças desta bosta. Além disso lá fora o show está comendo solto! Quem iria me ouvir? Mamute, apesar de grandão, nem reagiu. O chute na bunda que a loira lhe deu acabou com a moral do cara.
Os seguranças agarraram em nossos braços e nos arrastaram até um corredor escuro do clube. Não invente nada sacana aí nesta sua cabeça podre não! Nada sexual acontecera. E nem vai acontecer! Está maluco? Prefiro morrer.
— Porra, sacanagem! Nós não fizemos nada, meu! Diz isso lá pro Berimbau!
— Como eu disse, ordens são ordens. Foda-se o que você fez ou não. Só não vou perder meu emprego por causa de dois bacaninhas filhos da puta.
O outro segurança, que segurava Mamute, deu quatro passos a frente a abriu uma porta de ferro no final do corredor.
— Vocês dois. Tirem suas calças e suas camisas.
Porra, agora já foram longe demais! Que porra é esta?
— Caralho, eu vou denunciar todos vocês pra polícia, sabiam? Que merda de clube é este? Todo mundo louco!
— Vocês têm 30 segundos. Ou vocês fazem o que estou mandando ou vão levar tanta porrada que nem vão se lembrar de seus nomes hoje de manhã. Fui claro?
Quando você ouve isso de um negão de quase 2 metros e meio fica bem claro. Puto da vida, e cagando de medo, entreguei minha calça Jeans e minha camisa para o filho da mãe. Antes peguei minha carteira e meu celular. Nenhum dos seguranças fez questão de....
— Ei, está pensando que sou algum idiota? Quero o celular e sua carteira. Agora!
Filhos da puta! O maldito pegou o celular e minha carteira e os jogou através da porta. Do lado de fora eu vi um puta matagal. Pronto, tomei no cu. Agora estou de cueca, tênis, sem dinheiro e sem telefone. O mesmo aconteceu com o Mamute. Este nem se deu conta, apenas choramingava por causa da loira peituda. O que mais pode acontecer? Putz! Pra que fui perguntar?
— Vocês dois! — gritou o mais filho da puta dos seguranças. — Vamos, pra fora! Fora! Rápido! — e nos empurrou com força para o matagal. Caímos, eu e Mamute, ambos de cueca e tênis, sobre o matagal. Logo em seguida ouvimos o barulho da porta de ferro fechando com toda a força atrás de nós. Fodeu de vez.
— Filhos da puta!!! Eu vou contar tudo isso pra polícia, ouviram? Isso não vai ficar assim não! Vocês estão fodidos! Muito fodidos!!!
Porém, fodidos estamos eu e Mamute. Fodidos. Completamente fodidos. Nem faço idéia de onde estamos. Um vento frio da porra. Levantei-me. Olhei atentamente para os lados e percebi que não estávamos totalmente perdidos. Vi um barulho de carro. Seria a estrada? Sim, acho que sim, a mesma estrada que nos trouxe até o clube. Acho que estamos atrás do clube. Nos fundos.
— Vem, Mamute. Levanta daí, cara! Porra, tem muitas outras loiras peitudas por aí! Você parece um bebê chorão, caralho!
— E pra onde vamos? Além disso, já percebeu que estamos só de cueca e tênis? Eu não saio daqui não.
— Levanta esta bunda gorda daí agora! Precisamos achar o Gol do Pezão.
Mamute não me deu bola.
— Porra, cara. Se você quer ficar aí fique. Mas eu não vou ficar aqui no mato de cueca com um gordo filho da puta, também de cueca. Boa noite. FUI.
Andei uns 10 metros na direção da estrada e notei algo se mexendo atrás de mim. Mamute ficou de pé, e vinha em minha direção.
— Espera aí, cara! — gritou ele, coçando a bunda gorda.
Não esperei. Apenas diminuí o ritmo. Depois de uns 3 minutos Mamute me alcançou.
— Não me ouviu, seu filho da puta? — gritou ele, ofegante.
— Ouvi sim. — e dei risada. Mas dei mais risada ainda quando vi a cueca do Mamute. Puta merda! Hahahaha..... — Que porra de cueca é esta, cara? Com desenhinho do Mickey? Hahahaha...
— Vai tomar no seu cu! Pega aqui no meu Mickey, pega!
Segui os próximos 10 metros às gargalhadas. Um baita homenzarrão daqueles com uma cuequinha amarela do Mickey era algo muito bizarro, e hilário.
— Ganhei várias coisas lá na Disney. E daí? Não posso usar cueca do Mickey? Ah, Foda-se! O pau é meu, eu uso a cueca que eu quiser! Foda-se!
Isso me fez rir ainda mais. Fodido do jeito que estou é a única coisa que resta a fazer. Chorar nunca foi da minha natureza. A última vez que chorei já faz uns 3 anos. Eu sonhei que a minha vizinha tinha decepado meu pinto. Acordei aos berros. Por sorte foi só um sonho. Ou será uma premonição? Putz! Nem gosto de imaginar. Já imaginou?
O barulho dos carros estava cada vez mais alto. Estávamos perto da estrada, assim espero. O problema é chegar até lá somente de cueca e tênis. E pior ainda, acompanhado do Mamute, também de cueca e tênis. Eu mereço? Se algum dia eu encontrar meu anjo da guarda eu juro que dou 5 tiros na testa dele e faço um churrasco com o seu pau.
— Mas que bunda murcha, cara! — gritou Mamute, uns 2 metros atrás de mim.
Parei e olhei para trás.
— Bunda murcha tem a vaca da sua mãe. E que papo é este de você ficar olhando para minha bunda? Tu é chegado em bunda de macho, é? Sei.
Mamute ergueu sua mão direita e me mostrou seu dedo gordo. Mamute cuzão.
— Como sabe que é este o caminho? — perguntou ele.
— E quem disse que eu sei? Sei lá, é melhor tentarmos alguma coisa. Se pelo menos os filhos da puta não tivessem jogado meu celular naquele matagal...
— E por quê não voltamos lá e procuramos seu celular?
— Sai fora. Eu não vou ficar num matagal cheio de cobras andando só de cueca.
— E ouvi dizer que esta região tem o tal de Macaco Virgem.
Parei novamente. O que o Mamute disse?
— Que porra é esta que você falou aí? Macaco Virgem?
— Dizem que nesta região acontece muita coisa maluca. Meu pai mesmo disse que já viu uma mula-sem-cabeça por estas bandas, quando voltava do Rio de Janeiro numa sexta-feira 13.
Prossegui o caminho. Mamute está viajando, ou querendo me pregar alguma peça.
— Alguns anos atrás três mulheres e um garoto foram estrupados até a morte aqui pertinho. Dizem que encontraram esperma de macaco nos corpos.
— Mamute, vai tomar no seu cu. Em primeiro lugar o correto é "estuprar", não "estrupar". Segundo, se o macaco já comeu 3 mulheres e um garoto ele não é mais virgem, certo? E terceiro, pega aqui no meu orangotango, aí você vai ver o que é esperma de macaco!
Putz! Mamute ficou puto.
— Porra, Nando! Você acredita até em ET, não acredita?
— E daí? Só por isso também vou acreditar num macaco tarado? Ah, dá um tempo!
Algo se mexeu no meio do mato. Eu e Mamute paramos imediatamente.
— Ouviu também, cara? — disse Mamute, espantado.
— Porra, vamos ali dar uma olhada. Deve ser algum casal de namorados dando uma no mato. Eu nunca trepei no mato, mas deve ser legal.
— Ah, é nada. Já fiz uma vez. Junta um monte de mosca no cu da gente. É foda.
O mato se mexeu novamente, e não foi o vento. Tenho certeza, o vento não está tão forte assim.
— Tô falando, cara! É o Macaco Virgem! Ele quer estrupar a gente!
— Dá um tempo!
Caralho, maldito Mamute cagão do inferno! O cara saiu correndo e me deixou sozinho para trás. Como é que ele consegue ser tão rápido certas horas? Tudo isso é medo do Macaco Virgem? Hahahaha.......
Algo se moveu novamente. Caralho, que barulho esquisito foi este? Eu, hein! Querem saber de uma coisa? Macaco Virgem ou não.... eu vou é dar o fora daqui o mais rápido que eu posso! FUI !!!
Corri o mais rápido que pude e alcancei o Mamute rapidamente. Ele corre, mas a banha atrapalha e ele perde resistência. Não posso dizer que eu tenha um corpinho de atleta, pois não tenho. Mas se algum dia vocês apostarem numa corrida entre nós, apostem em mim.
— Agora você acredita no Macaco Virgem? — perguntou Mamute, ofegante, quase morrendo.
— Acredito, e ele mandou isso aqui pra você... — estiquei "aquele" dedo.
O importante é que eu estava certo. O lugar onde Pezão estacionara o Gol não está tão longe assim. Finalmente uma coisa boa. E é claro, outra ruim também. Como sempre. Quando você pensa que Murphy está dormindo sossegadinho ele acorda. Já reparou nisso? Assim que paramos de correr senti algo se mexer, mas agora dentro do meu estômago. Puta merda! Isso é hora de revertério estomacal? Justo agora? E é daqueles fortes, daqueles tipo "SAI DA FRENTE QUE A MERDA VEM QUENTE!!!". Saca? Todo mundo já teve ou um dia vai ter. É foda. Uma vez isso aconteceu comigo no colégio. Putz! Dizem que até hoje as faxineiras tentam limpar o vaso que eu usei naquele dia, mas não conseguem.
— Caralho, mano! — gritou Mamute, tapando o nariz. — Você morreu e esqueceram de te enterrar? Caralho!
Não posso culpá-lo. A bufa que soltei fez até o mato murchar.
— Preciso dar uma cagada.
— Ah, vai pra lá então, meu! Sai de perto de mim.
Procurei um lugar para evacuar. Só havia um lugar. O matagal. Puta que o pariu! E agora? E se eu estiver cagando e uma cobra morder o meu saco? Ai! Dói só de imaginar. Quer saber? Foda-se, não tenho outra opção. O revertério está cada vez mais forte. Ou eu cago no mato ou.... putz! Melhor nem imaginar a outra opção, certo?
Bom, lá vou eu pro matagal.
— Manda um alô pro nosso amigo Macaco! — Mamute gritou, coçando o saco.
— Ele está ocupado! Ah, olha ele ali comendo o rabo da sua mãe!
Ninguém tira onda comigo. Nunca.
Ainda me lembro de ontem. Eu deitadão na cama ouvindo meu CD novo do Linkin Park, e só imaginando como seria boa esta noite. Show do Rappa! O que pode dar errado? Na minha opinião o máximo que poderia dar errado seria eu comer a Jurumina e a camisinha estourasse. O que resultaria desta união? Um Nandomino? Uma Jurunando? Caralho! Deu até arrepio. Maldita gorda feia do inferno. Como o Pezão conseguiu? Sei lá, acho que o Pezão já comeu até a cadelinha dele. Qualquer dia ele vai pegar uma gonorréia das boas, aí vou dar muita risada. Bom, mas como eu ia dizendo.... eu pensava que o sabadão seria duka. E aqui estou eu. De cuecas arriadas até os pés, agachado com o cu a três palmos do chão esperando o almoço se despedir de mim em formas fecais. Putz! É por isso que não devemos esperar muito de uma noite. Dá sempre errado. Garanto que se eu tivesse passado o sábado inteiro imaginando bobagem eu estaria neste exato momento chupando os peitos da americana. Falando nisso, onde será que ela está agora? Provavelmente fazendo uma "espanhola" com um daqueles seguranças filhos da puta.
— Anda logo com isso, meu! — gritou Mamute. Sua voz parecia tão distante. Ainda bem, esta posição aqui não é nada agradável, imagine com platéia então! Putz!
Opa, senti uma pequena picada na bunda! Ei, o que é isso? Caralho! Puta merda! FORMIGA!!! Puta merda! Um monte delas! Puta merda! Puta merda! Tem um monte subindo pela minha canela, na bunda, no meu saco! Caralho!
— O que está acontecendo aí? — gritou mamute. — O troção está dando trabalho?
Enquanto isso eu dava pulos de quase 2 metros com as formigas me picando até a alma. Puta merda! Arranquei minha cueca e senti que havia um monte de formiga nela. Procurei uma árvore e comecei a bater a cueca contra ela com toda a força, a fim de espantar as formigas para longe. Mas, caralho! Elas não param de me morder! Na bunda, no saco, no cassete, e até lá... Puta merda! Puta merda! Mas quantas formigas estão sobre mim? Um batalhão? Caralho, só no meu saco eu calculo umas 15! Bati a cueca contra a árvore umas 50 vezes. Ou a cueca está aos pedaços ou eu consegui jogar fora todas as filhas da puta pra bem longe! Bom, acho que um pouco das duas.
— Tem um batalhão de formigas aqui sobre mim, cara! — gritei desesperado. Ouvi Mamute às gargalhadas. Maldito filho da puta.
Enquanto ele se divertia eu pulava de dor. Pouco a pouco fui sentindo as malditas formigas caírem do meu corpo. Era um alívio gigantesco. Meu saco ainda está cheio delas, dei uma coçada daquelas e joguei umas 7 ou 8 pra longe. O que será que elas viram no meu saco? Será o tecido rugoso? Caralho, e se eu ficar estéril por causa das picadas? Santa pixirica! Melhor nem pensar nisso agora. Deixe-me livrar destas putinhas malditas. Porra, aí não! Por quê será que elas adoram picar onde a gente menos espera? Puta merda! Como dói! Pulei quase 1 metro com esta última mordida. Foi aí que caí sobre algo mole! Putz! Será que caí sobre.... ? Não, não, mil vezes não... era só o que faltava, né? Porra! Será que o meu anjo da guarda sempre tira férias quando eu preciso de uma ajuda? Ergui meu pé e dei uma cafungada no tênis. Ufa! Não pisei ... naquilo. Pelo menos ainda não.
— Você morreu aí? — gritou Mamute, ainda rindo muito.
Não respondi. Não tenho tempo pra isso. Ainda tem umas 10 ou 15 desgraçadas sobre mim. Pelo menos já pude colocar minha cueca novamente. Agora eu tenho 2 preocupações: tirar estas formigas que faltam e sair do matagal sem pisar na minha própria obra-prima. Caro leitor, perdoe-me se isso aqui está meio nojento, mas não tenho culpa, a vida tem dessas coisas. Ou vai me dizer que você não caga e não mija? Por exemplo, a Julia Roberts e o Brad Pitt também cagam tão fedido quanto você. A única e exclusiva diferença é que eles limpam o rabo com um papel higiênico que custa mais caro que a sua TV de 20 polegadas CCE. Pois é. Ou limpam com uma nota de um Real, como o Zé Biruta. Falando nisso, por onde andará Zé Biruta uma hora dessas? Coitado, provavelmente caído em frente ao bar do Gordo. Pra ser sincero eu trocaria com ele. Melhor bêbado jogado na calçada do que ficar de cueca e tênis no meio do mato, e todo picado por formigas taradas e canibais.
Pronto. Acho que finalmente me livrei de todas. Agora só resta a maldita dor das terríveis picadas. Meu saco está com o dobro do tamanho, o mesmo aconteceu com o meu bilau... hehehe... tomara que fique assim pra sempre. Alguma coisa boa eu preciso levar desta noite, não concordam? Duplicar o bilau seria bom, embora eu não precise. Minha cueca está aos frangalhos, toda esburacada. Querem saber? Acho que o que tinha de acontecer de ruim já aconteceu. Não é possível a situação piorar ainda mais. Será?