“Sangue do Meu Sangue”
CapÃtulo 3 – Genérico
—Â Precisamos fazer o exame de DNA.
— Sai fora! Eu me recuso.
— Nossa, que medo é este?
— Não é medo, o problema é que eu nunca acerto o potinho.
—Â Que potinho?
— Exame de DNA não é aquele em que você faz cocô num potinho?
— Caralho, isso aà é exame de fezes!!!!!!!!!!!!!!
Ninguém merece.
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Gastei uma meia hora pra explicar para o atrasado mental o que é um exame de DNA. Tudo bem que eu também não sei muito bem como funciona o bagulho, mas sei que não precisa cagar num potinho.
Por mais incrÃvel que pareça Pezão topou fazer o exame numa boa. Eu acho que o filho da puta está curtindo a idéia de se tornar papai. Porra, pra ele seria fácil, não é? A mãe dele caga dinheiro, o cuzão nem precisaria se preocupar com nada.
Naquele mesmo dia procurei saber como e onde fazer o tal exame. Fiquei pasmo quando descobri que custava tanta grana.Â
Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmm!!!!!
Puta merda, será que é o Pezão ou garota Cebolinha?
— Alô! — atendi.
— Alô, que porra de alô?Â
—Â Fala, filho da puta.
— Oh, estou ligando do meu celular novo.
— Ganhou da mamãezinha, foi?
— Cara, muito louco o bagulho!!! Tira fotos e o caralho.
— Vai tomar no seu cu, Pezão, estou preocupado com outras coisas.
— Eu também estou, ainda não descobri como faço pra fotografar.
— Leia o manual, seu merda.
— Manual? Eu não, quem curte manual é o pirralho, eu sou mais um fuça-fuça.
— Foi assim que você quase morreu eletrocutado com a televisão, lembra?
— Porra, claro que me lembro. Desde aquele dia não crescem mais cabelos no meu saco.
— Pezão.
—Â Fala.
—Â Enfia o dedo no cu e assovia!!!!
—Â Consegui !!!
—Â Enfiar o dedo no cu e assoviar?
— Isso é fácil. Consegui bater a foto com o meu celular novo!
— Ah, vai se foder, enfia este celular no cu.
—Â Seu celular aceita receber fotos por torpedo?
— Acho que não, meu celular é de pobre.
— Azar o seu. Eu ia lhe enviar a foto que bati aqui.
Pezão caiu na gargalhada. Parecia uma hiena assistindo o Chaves.
— Do que está rindo, seu bosta?
— Da foto. Ficou show!!!
— O que você fotografou?Â
— Deixa pra lá, você não consegue receber mesmo!
Putz! Ninguém merece. Pezão prosseguiu:
— Vou mandar pra galera!!! Quem aceita torpedo com foto?
— Porra, Pezão, dá um tempo. Eu estava pesquisando quanto custa fazer um exame de DNA. Você imagina quanto custa?
— Não faço a menor idéia.
— É caro.
— Quanto? Uns 5 mil reais?
— Não chega a tanto, mas é caro.
— Ah, então foda-se, não se preocupe, eu pago o seu exame também.
—Â Paga mesmo?
— Vou aproveitar que a velha está de ótimo humor hoje. Ela ganhou um caso para uma multinacional. A velha está cagando dinheiro hoje. Não vejo a hora dela encher a cara e começar a jogar notas de 50 para o alto.
—Â Filho da puta sortudo.
Pezão caiu na gargalhada outra vez. Maldito.
— Espera aÃ, a velha acabou de passar aqui em frente ao meu quarto. Vou contar pra ela sobre o exame. Vou levar o celular comigo pra você ouvir nossa conversa. Vai ver como a coroa está animadaça.
Foda-se, pagando meu exame, estou me lixando. Bom, vamos ouvir a conversa:
— Mãe!!! — gritou pezão. Caralho, o celular é bom mesmo, o gritou saiu tão forte que tive a impressão dele estar gritando no meu ouvido. Quase caà da cama, tamanho foi o meu susto.
— O que é? — respondeu ela. A voz estava meio mole, acho que ela já começou a encher a cara de uÃsque. Rico é cheio de frescura, né? Eu prefiro a boa e velha cerveja.
— Eu preciso contar um negócio pra você.
—Â Desembucha logo, cacete!!!
A mãe do Pezão é desbocada igual a gente. Se não for pior. Imagine bêbada.
—Â Eu preciso de grana pra fazer um exame de DNA.
— Como é que é?
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiii, a coroa não ficou muito contente.
— Eu acho que vou ser papai. — disse Pezão.
— Papai? Eu ouvi bem? MaurÃcio, você não cuida nem do seu cachorro!!!
—Â Mas ...
— Cale esta boca e ouça bem o que vou lhe dizer, você vai mandar esta vagabunda abortar, não quero nem saber!!!
Caralho!!! A mulher ficou uma fera!!! Esperem, ela está gritando mais coisas:
— Olha bem pra mim!!! Acha que eu tenho cara de avó?
— Mãe, você ...
— Cala esta boca e me responde! Eu tenho cara de avó?
— Não.
— Então pronto. Caso encerrado. Ah, tenha dó! Eu, hein!!! Você não usa camisinha?
— Uso, mãe.
Caralho, nunca vi o Pezão baixar a cabeça pra mãe dele assim, geralmente as brigas são feias. Lá vem a velha outra vez:
— Pois eu acho que não!!! O que você faz com o dinheiro que eu lhe dou?
— Ah, sei lá.
— Como é que é? Ah, mas você está precisando de uma lição, hein!
— Isso aÃ, mãe!!! — é a voz da Maura, a mana. Putz, agora é que o Pezão vai ficar puto.
— Dá licença que a conversa não chegou no chiqueiro. — disse Pezão.
— Fiquem quietos vocês dois!!! Você também não tem moral pra criticar seu irmão.
Putz!!! O humor da velha "estava" bom, agora foi pro saco.
— Mas e o meu exame, mãe? — gritou Pezão, quase chorando.
— O que tem? Acha que eu vou pagar? Está muito enganado, MaurÃcio.
— Mas, mãe ...
— Azar o seu!!! Fez a cagada, agora vai lidar com as conseqüências.
— O que ele quer, mãe? — perguntou a Maura.
— Seu irmão transou com alguma biscate e agora quer fazer exame de DNA pra saber se é o pai.
A mana do Pezão caiu na gargalhada, e disse:
— Seu idiota, não sabe usar camisinha?
— Vai tomar no seu cu, sua vaca!Â
Não deu pra ver, mas aposto que Pezão mostrou aquele famoso dedo pra mana.
— E me passa este celular pra cá! — disse a velha. Acho que ela tomou o celular das mãos do Pezão. — Esta porcaria me custou quase 2 mil reais.
— Porra, mãe! — disse Pezão.
A voz dele ficou mais distante. Com certeza a coroa pegou o celular.
— Mas era só o que me faltava!!! — disse a mãe do Pezão, puta da vida. — Isso aqui no visor ... é a foto de um saco? Seu filho da ....
E a ligação caiu.
Puta merda, tomei no cu. Lá se foi o meu exame com custo zero. Meu único consolo é que o Pezão também se fodeu. Bem feito!!!
E agora, quem poderá me defender?
Porra, quando eu era criança eu vivia repetindo isso, certo de que o Chapolim cairia da janela ou do teto.
Mas não caiu.
Fui obrigado a procurar uma solução para o exame de DNA. Nem cogitei a hipótese de pedir grana para os meus pais. Se a mãe do Pezão reagiu daquela forma, imagine a minha mãe então. Nem pensar!!! Seria o mesmo que suicÃdio. Estou novo pra morrer, vocês não acham?
Foi então que topei com um velho conhecido. Na verdade vocês também o conhecem. Lembram do ...
— Fala, Mamutão!!!
— E aÃ, Nando, beleja?
— Beleja nada. Porra, Mamute, as coisas não estão muito boas, mas a gente vai levando.
—Â O que aconteceu?
— Ah, deixa pra lá. Conta as novidades.
—Â Acabei de sair da cadeia.
— Caralho, é mesmo? Mas o que você fez?
— Fui solto, porra, acabei de dizer.
— Caralho, eu sei, mas o que você fez para ficar preso?
—Â Nada.
— Nada? Ninguém vai preso por não fazer nada. Conta aÃ, porra!
— Ah, eu dei uma voadora na minha namorada.
— Caralho, uma voadora?
Comecei a rir, só de olhar para o tamanho da barriga do Mamute. Algo monstruoso.
— Mamutão, fala sério, como é possÃvel você dar uma voadora em alguém? Olha só pra você!
—Â O que tem?
— Porra, o máximo que você pode fazer é rolar sobre alguém. Duvido que você consiga dar uma voadora. Duvido que você consiga sair mais do que 10 centÃmetros do chão.
— Estou falando pra você! O bagulho foi tão feio que eu quase arranquei a orelha dela. Eu nunca contei pra você, mas eu já fui mestre em karatê.
Fala sério, hein! Mestre em karatê? Hahahahahaha ......
— Ah, e eu já fui samurai. Fala sério agora, como deixaram você sair? Pagou fiança.
— Não, minha mina tirou a queixa contra mim.
— Não acredito. Depois de você ter dado uma ... "voadora" ... ela retirou a queixa?
— O amor é lindo, Nando.
— Ah, vai se foder, se fosse comigo eu deixaria a minha namorada apodrecer na cadeia. Comigo não tem boi.
— Mas eu acho que ela retirou a queixa porque está grávida.
— Caralho, não acredito, você vai ser pai?
— Pois é.
— Não acredito, o mundo vai ganhar um mamutezinho?
— Na verdade será uma mamutezinha.Â
— Ninguém merece.
— Fala assim não, cara, um dia você também será pai.
— Nem me fale, Mamute, você nem sabe da última.
— Como assim? Você já é pai? Como? Quando? Onde? Quem é a mãe?
—Â Calma, porra!!!
Contei toda a história para o Mamute.
— Caralho, que situação! — disse ele.
— Pra você ver. Joguei cocô na cruz ou não?
— E a mãe do Pezão cortou a mesada dele e tudo?
Mamute quase rolou no chão de tanto rir, parecia uma hiena com tesão.
— Precisa ver, ela só não cortou o carro, mas como a grana está acabando, quero ver como ele vai se virar pra abastecer. Ontem mesmo ele me pediu 6 reais. Mandei ele tomar no cu, é claro.
— Já imaginou o Pezão trabalhando?
Putz, agora quem caiu na gargalhada fui eu. Só de imaginar o Pezão trabalhando quase me mijei todo. Já tentaram imaginar o Pezão trampando como entregador de pizza ou empacotador em supermercado?
— O pior de tudo é que ele ia pagar o meu exame. Tomei no cu também.
— Nando, não se preocupe, eu conheço um lugar onde vocês poderão fazer este exame a preço de banana.
— É mesmo? Mas não é ilegal?
— Fica frio, não existem os remédios genéricos?
—Â Sim.
— Então, eu conheço um hospital genérico.
— Ah, isto não está me cheirando bem.
— Você já foi lá? O cheiro é foda mesmo, mas você se acostuma.
— Porra, eu disse que a "situação" não me cheira bem.
— Fica frio. Não confia no velho Mamute?
Depois da história do karatê ... é ruim, hein!!!!
Hospital genérico? Meu, fala sério, ninguém merece.
Mas o problema é que estou mais duro que bilau de ator pornô em dia de décimo-terceiro. Acho que não terei outra alternativa. Pezão também não.
Hospital genérico, aqui vamos nós.