As Aventuras de Nando & Pezão

“O Pai da Magareth”

Capítulo 14 – A Volta dos que Não Foram

— O que foi? — falei, rindo.

— Você vai mesmo entrar na água?

— Vou, claro.

— Beleza então — ele saiu bufando, parecia um touro raivoso.

— Aonde ele pensa que vai? — gritou Margareth.

— Sei lá, o namorado é teu.

E mergulhei no rio. Ou lago, sei lá. O importante é que tem bastante água.

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Estou de volta, pessoal!

Quem? Eu, porra! O bom e velho Nando. Sentiram a minha falta? Não mintam, eu sei que sim. Humillllllllllllllde, né? Hehehe ...

Meu, está foda isso aqui. Eu de cueca e a namorada do meu melhor amigo nadando nua ao meu lado; honestamente não sei o que fazer. Um Nando fantasiado de Santo Expedito, do tamanho de um Playmobil, fica aqui no meu ouvido direito me pedindo para ignorá-la. E no esquerdo fica outro Nando, fantasiado de Darth Vader, instigando-me a conhecer o lado negro de Margareth, se é que vocês me entendem.

— Vem pra cá! — gritou Margareth mais uma vez.

— Acho melhor eu ficar mais afastado — respondi, olhando para a local onde Pezão saiu bufando agora há pouco. Acho que ela entendeu o que eu quis dizer.

— Esquece. Será que ele vai nos deixar aqui?

— Sei lá, não duvido de nada. Ele ficou muito puto comigo.

— Por quê? Só por causa das roupas? Que bobagem.

— Ele achou que eu fiz de propósito, só pra te ver pelada.

Notei que ela ficou meio sem graça.

— E foi mesmo? — perguntou ela. Seu rosto estava vermelhinho.

— Lógico que ... não, né?

Ela riu. Estava linda com os cabelos molhados. Antes que a conversa ficasse mais embaraçosa, o gordinho peçonhento deu o ar de sua graça:

— Nando, Nando, vem ver isso aqui! Rápido!

— O que foi? Os peixes estão mordendo seu cu?

— Encontrei um cardume de Peixequetes! Vem ver!

— Peixequetes?

O gordinho estava na região mais rasa do rio. Fui nadando lentamente na sua direção, até que percebi algo terrível ... ele também estava nu. E como a água era bem mais clara, deu pra ver algumas coisas que me arrependerei para o resto da vida. Afastei-me dali imediatamente.

— Aonde vai, Nando? Vem aqui pra você ver!

— Não, obrigado! Já vi até demais, porra! — respondi, olhando na direção contrária.

— Peixequetes, Nando! Eles existem! Vem ver!

— Do que você está falando? Nunca ouvi falar nisso.

— Eu vi no Discovery Channel uma vez, eles ... oh, que delícia!!!

Acreditem se quiser, o gordo começou a gemer de prazer.

— Meu, não acredito que você está tocando punheta no rio! — falei, puto.

— Punheta? Não, isso aqui é dez mil vezes melhor. É acachapante!

Criei coragem e olhei na direção dele. Suas mãos estavam desocupadas, flutuando na água. Mas por que ele continuava gemendo feito um tarado na porta do vestiário feminino?

— O que você pensa que está fazendo, porra?

— O que Peixequetes fazem, Nando? Use a cabeça.

Demorou, mas caiu a ficha. Peixequete seria Peixe Boquete? Ah, fala sério!

— Ah, vai se foder, gordo! — disse eu, rindo.

— Não preciso. Os Peixequetes estão fazendo isso por mim. É a melhor sensação do mundo! Alguns possuem a boca quente e outros bem geladinha. Meu, que delícia! Você precisa experimentar isso, Nando!

E a porra do gordo continuou gemendo. Ou fingindo, sei lá. Chegava até a virar os olhos. Confesso que comecei a ficar curioso.

— O que está acontecendo aí, hein? — disse Margareth, nadando em nossa direção.

— NÃO, NÃO!!! — gritou o gordo, ao ver a prima se aproximar. — Você irá espantá-los!!!

— Espantar quem?

— Os Peixequetes!!!

— Peixe o quê?

Comecei a rir feito uma hiena pelada na piscina do vizinho, fazendo xixi.

— Não, voltem aqui!!! — repetia o gordo, debatendo-se na água. — Voltem!

— O que deu nele? — disse Margareth para mim.

E sem querer olhei diretamente para ela. Consegui ver mais da metade de seus seios. Foi o suficiente para que eu tivesse uma das mais rápidas ereções da minha vida. O sangue deve ter descido para o meu pau com tanta rapidez que fiquei até meio zonzo.

— Psiu, ouviu o que eu disse? — disse ela para mim, estalando os dedos.

Tomara que Margareth não tenha percebido a minha barraca totalmente armada.

— Porra, você espantou todos eles! — resmungou o guri, encarando a prima com olhos demoníacos. — Peixequetes morrem de medo de mulher.

— Ah, para de graça, Tim!

De repente senti algo me beliscar debaixo d'água. Sim, acreditem se quiser, senti um peixe beliscar a minha cueca, tentando acertar o meu pinto. Imediatamente lembrei daquele filme Piranhas Assassinas. Dei um pulo, apavorado.

— O que foi? — disse Margareth, surpresa.

— Piranhas assassinas!!! — gritei, assustado. Tão assustado que deixei a coitada em pânico. Ela nadou pra bem longe, gritando feito uma maluca, como se estivesse fugindo de uma barata aquática. Se é que isso existe, claro.

Quanto mais longe ela ficava, mais peixes me beliscavam. Para a minha sorte, não eram piranhas. Sei que vocês vão rir de mim, mas eu acho que o gordinho estava dizendo a verdade sobre os tais Peixequetes.

— Nando, sai daí!!! — gritou Margareth, já fora d'água. Ela estava atrás de uma árvore, trocando de roupa.

Meu, puta que pariu, não acredito que eu não a vi saindo peladinha do rio!!! Puto, arriei a cueca e deixei os Peixequetes se divertirem à vontade. Não custa nada arriscar.

— Sai da água, Tim! — gritou sua prima, apavorada. — O Nando disse que tem piranhas assassinas no rio!

— Mentira, Ma! — respondeu o gordo. — Volta pra água.

Ela estava bem longe, mas deu pra perceber seu olhar furioso para mim.

— Ah, fala sério, viu? — disse ela, com as mãos na cintura. — Você quase me mata de susto!

Eu queria pedir desculpas, mas o negócio debaixo d'água estava tão bom que eu não consegui. Nossa, o gordinho peçonhento tinha razão, isso aqui é acachapante mesmo! Senti como se estivesse gravando a versão pornô do Procurando Nemo. Nunca recebi um sexo oral tão perfeito em toda a minha vida. Acho que tem mais de 20 peixes disputando uma chupadinha. Calma, galera, tem pra todo mundo!

— Hei, deixa uns pra mim! — disse o gordo, nadando na minha direção.

— Sai pra lá, moleque! Agora é a minha vez!

— Não é justo, eu vi primeiro!

— E daí? Além do mais seu bilauzinho deve ser tão pequeno! Não serve nem de aperitivo para os coitadinhos.

O gordo ficou no horror comigo. Deu pra ver sangue nos seus olhos.

— Fica com todos pra você então. Mas lembre-se que eu fui o único que assistiu o documentário no Discovery Channel.

— Grande bosta! Eu nem curto essas paradas de documentário mesmo.

Ele deu uma risadinha sarcástica, depois nadou até a borda e saiu da água. Só então percebi que Margareth havia sumido, provavelmente à procura do namorado. Falando nisso, onde diabos ele está? Será que nos deixou aqui mesmo?

Gozei. Gozei gostoso com aqueles peixinhos tarados. E foi aí que passei o maior susto da minha vida. O cardume de Peixequetes simplesmente triplicou. Porra, filhotinhos? Se eles também me chuparem serei considerado um peixófilo, pedófilo de peixes?

Não foi bem isso que aconteceu. Os filhotinhos mordiam. Sim, e mordiam com vontade. Não era nenhum ataque de piranhas assassinas como estamos acostumados a ver nos filmes, mas confesso que fiquei bem assustado. Nadei para fora do rio às pressas. Meu pau estava queimando. E dava para ver sangue na água. Puta que pariu!!!

Lá fora o gordinho peçonhento rolava de rir.

— Diga tchau pardal para o seu bilau! — gritou ele, rindo feito uma hiena gorda comendo sozinha no McDonald's.

Eu queria mostrar aquele dedo para ele, mas aí eu teria que parar de nadar. Estes malditos peixinhos do caralho estão me comendo vivo! Sai, sai! Xô!

Saltei para fora do rio, nu. Minha cueca sumira no rio. Acho que os peixes a devoraram, sei lá. Eu estava tão atordoado que nem me lembrava onde havia deixado as minhas roupas. O gordo percebeu que eu as procurava e apontou na direção correta.

— Anda logo! — gritou ele, rindo — Este seu bundão branco vai atrair os urubus.

Não dei a mínima para o que ele disse. Eu estava mais preocupado com a situação do meu pau. Minha virilha queimava. Eu nunca havia sentido tanta dor naquela região. E olha que já tive muitos finais de semana selvagens, se é que vocês me entendem.

Eu queria olhar, mas faltava coragem. Será que sobrou alguma coisa do meu inestimável Nando Júnior? Se ficou apenas um toquinho, então prefiro a morte. Toquinho não!

— Olha o bumbum do Nando! — gritou Margareth, rindo.

Ignorei-a completamente. Eu tinha outras preocupações.

Foda-se, dei uma espiada, tremendo de pavor. Ufa, a situação estava feia, mas meu bilau ainda estava inteiro. O coitadinho estava todo mordiscado e sangrava em algumas regiões, mas repito: inteiro. Vesti a calça, aliviado. A jaqueta eu deixei no mato; estava calor demais para vesti-la.

— Cadê o filho da puta do seu namorado? — gritei para Margareth.

— Acredita que ele nos deixou aqui?

— Claro que acredito. No fundo eu até já sabia.

Caminhei lentamente até os dois, a dor ainda persistia.

— O que houve? — perguntou ela. — Por que está andando feito um zumbi? 

— Bati o saco numa pedra — não tive as manhas de dizer a verdade.

— E agora, o que faremos? — perguntou Margareth?

— Daqui a pouco a dor passa, não se preo ...

— Eu quis dizer sobre a nossa situação!

— Ah, entendi.

Meti a mão no bolso da calça e peguei meu celular. Quando eu ia discar para o Pezão, Margareth me interrompeu, dizendo:

— Já liguei umas cem vezes para ele. Está fora da área de cobertura.

— O cuzão já deve estar bem longe — disse o gordo.

Mesmo assim eu tentei ligar. Mas ela tinha razão, o celular dele estava fora da área de cobertura. Não sei por que usamos estas porcarias se nunca funcionam quando mais precisamos.

— Você o conhece há muito mais tempo — disse Margareth para mim. — Você acha que ele vai voltar?

— Honestamente? Sim, mas por sua causa. Se estivéssemos somente nós dois — apontei para o gordo. — , ele não voltaria jamais. Apodreceríamos aqui.

— Credo, não fala assim, vocês são amigos. Ele não faria isso.

— Puto como ele estava, faria sim. Oh, se faria!

— Bom, o que você sugere então?

— Vamos esperar alguns minutos. Se ele não voltar, a gente dá um jeito de ir embora daqui.

— A pé? — disse o gordo, assustado.

— Ninguém nasceu com rodas, Eric Cartman!

Ele ficou olhando pra mim, não sabia se ria ou se ficava puto.

— Eric Cartman? Até que esse apelido foi criativo. Gostei.

— Eu tô morrendo de fome — disse Margareth.

Todos nós estávamos.

— Acho que vi uns pés de jabuticaba ali na frente — disse ela, apontando para o local.

— Jabuticaba? Isso dá uma caganeira dos infernos — argumentei. Meu histórico com esta fruta não é dos melhores. Passei duas semanas cagando pedra ano passado.

O gordo já estava lambendo os beiços.

— Sei lá, pode haver outras frutas também. Venham, eu mostro o caminho.

O gordo foi atrás. Eu os segui, mas lentamente, minha virilha ainda doía horrores.

— Psiu, gordo! — chamei o moleque.

— Gordo é o corno do teu pai! Eu tenho nome, sabia?

— Vem aqui, porra!

Mesmo fazendo mil e uma caretas ele veio. Margareth continuou lá na frente.

— Você sabia que os peixes iam me atacar, né?

Ele riu. E balançou a cabeça positivamente. Ai que vontade de chutar o saco do guri. Mas me controlei.

— Afinal de contas o que tinha naquele maldito documentário?

— Você quer mesmo saber?

Comecei a ficar preocupado.

— Conta logo, caralho!

— Você que sabe. No documentário eles diziam que os benefícios de uma chupada dos Peixequetes são inúmeros, inclusive para a nossa saúde. Mas tudo que é bom demais tem os seus riscos também, né?

Fodeu. Lá vem merda:

— Não se deve gozar, jamais, em hipótese alguma, pois os Peixequetes adultos aproveitam-se para alimentar os filhotes com a nossa porra. Eles adoram!

— Valeu, só agora você me avisa.

— Se você não tivesse sido tão egoísta, né? Bem feito!

— Meu pau está parecendo uma goiaba podre.

O filho da puta riu.

— E vai ficar pior, sabia?

— O quê? — arregalei os olhos.

— O documentário mostrou um caso de um cara que gozou. Depois de 24 horas no hospital o pau dele apodreceu e caiu. Parecia um pinto de estátua, quebrado.

— Você está zoando comigo.

O gordo balançou a cabeça negativamente, sério.

— Procura o vídeo na Internet, é acachapante!

— Acachapante é a puta que te pariu, seu gordo peçonhento dos infernos!!!

— Calma, oh!

— Calma o escambau! Se isso acontecer comigo eu juro que enfio duas latas de sardinha no teu rabo, seu merda!

— Já estão brigando outra vez? — gritou Margareth, uns cem metros à nossa frente.

— Deixa eu matá-lo! Só um pouquinho, deixa!

Ela riu, achou que eu estava só brincando. Depois gritou para o primo:

— Vem, Tim, achei umas jabuticabeiras enormes!

Pra comer ele corre, né? Gordo esfomeado da porra.

— Volta aqui! — gritei, puto.

— O que você quer agora?

— Só me diz uma coisa: há cura?

— Se me lembro bem, em 10 por cento dos casos as vítimas se recuperam sem nenhuma sequela. Não se preocupe, você vai ficar bem.

E o maldito saiu fincando pra comer jabuticaba. Mostrei outra vez o meu dedo pra ele.

É lógico que aquilo mexeu comigo, né? Já imaginou o meu pau apodrecer e cair?

— O que você tem, Nando? — perguntou Margareth, escalando uma entre as dezenas de jabuticabeiras do local. — Que cara é essa?

— Deixa pra lá — respondi, deitado sob a sombra de uma árvore.

— Está com o saco dodói, é? — ela riu à beça. — Pede para o Tim lhe fazer uma massagenzinha.

— Engraçadinha você, né? Dormiu com o Bozo, foi?

Ela riu tanto que perdeu um pouco do equilíbrio e quase caiu.

— Isso, bem feito! — disse eu, rindo. — Faz mais piadinhas sem graça, faz!

Enquanto ela subia na jabuticabeira, o gordo catava as frutas que caíam na grama. Maldito guri folgado.

— O saco dele está assim, prima! — disse ele, mostrando duas jabuticabas grudadas uma na outra.

Margareth riu tanto, mas tanto, que dessa vez ela realmente caiu da árvore. Eu e o gordo ficamos brancos, olhando um para o outro.

— Você está bem? — disse eu, correndo até o local da queda.

— Sim, foi só um susto — respondeu ela, estatelada na grama.

— Pensei que fosse morrer! — disse o gordo, com os olhos arregalados.

— Calma, gente! Vocês nunca caíram de uma árvore? Quando criança eu vivia caindo. Vaso ruim não quebra, né?

Mas ela não estava tão bem quanto pensava. Assim que tentou se levantar, sentiu alguma coisa e foi ao chão novamente. A expressão em seu rosto era de muita dor.

— Acho que torci meu tornozelo — disse ela, fazendo caretas.

— Que legal, hein! — falei, em tom de ironia. — Eu com o ... saco inchado e você com o tornozelo fodido. O que mais falta nos acontecer?

— Só o Tim continua firme e forte — ela riu, depois voltou a fazer caretas.

Veremos até quando.