“O Pai da Magareth”
CapÃtulo 7 – O Pinguelo Assombrado
O gordinho ficou branco de susto. Mas não largou o pinguelo.
— Isso aà não tinha dona — disse o anão, sério. — Tinha DONO.
— O quê? — o gordinho começou a ficar verde.
— Isso aà pertencia a uma bicha enrustida que se hospedava no hotel de tempos em tempos. Se quiser pegar para você, tudo bem. O dono já morreu mesmo. E se me recordo bem, morreu com um negócio desse aÃ, enterrado no cu, até o talo.
Putz! O gordinho jogou o pinguelo longe. Coitado, está procurando uma torneira até agora. E garanto que não é pra brincar de Aquaplay.
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Acompanhei o anão até o quarto. Fiquei impressionado com o tamanho; era enorme. Coitados dos anões responsáveis pela limpeza, não devem ter vida fácil.
— Aquele negócio que você disse foi só para zoar o gordinho, né? — disse eu para o anão.
— Infelizmente não. Milênio, meu ex-cunhado, foi encontrado morto aqui no hotel com aquele negócio enterrado no ânus.
— Puta merda, hein! O nome dele era Milênio? Com um nome como este, eu também me suicidaria. Mas não com um consolo no rabo, é claro. Um tiro na testa, talvez.
— Pois é, minha esposa demorou meses para superar a perda do irmão.
— Eu nunca imaginei que existissem anões gays.
Putz! O anão me olhou com uma cara de pouquÃssimos amigos. Achei que ele fosse me dar um soco no saco.
— Foi o único que conheci — retrucou ele. — E quer saber onde foi que ele se matou?
Algo me diz que a resposta não será nada agradável.
— Exatamente ali — disse o anão, apontando para uma das camas.
Bom, pelo menos eu já sei qual das duas camas NÃO será a minha.
Margareth entrou no quarto. O anão saiu, meio apressado.
— Uau! O quarto de vocês é enorme! — disse Margareth, olhando ao redor, embasbacada.
— Quer trocar? Eu topo!
— Acho melhor não, hein! O nosso quarto só tem uma cama de casal.
— Putz! Deixa pra lá. Ficamos neste aqui mesmo.
Ela sorriu.
— Cruzes! — disse Margareth, do nada. Depois ela esfregou o braço, como se estivesse com frio. — Você também sentiu?
— Senti o quê?
— Uma corrente gelada passar por nós. Jura que não sentiu? Olha como eu fiquei toda arrepiada! — ela me mostrou o braço.
— Não senti nada.
— Eu, hein! Mudei de idéia, viu? Não quero este quarto não!
Porra, agora eu também fiquei assustado. Não que eu tenha medo de fantasma, pois não tenho! Mas sei lá, né? Vai que o anão Leão Lobo resolve me atacar no meio da noite!
Margareth saiu do quarto às pressas. Por via das dúvidas eu fui atrás.
Encontramos Pezão e o gordinho no outro quarto. Pra variar, os dois estavam discutindo.
— Deve ter enfiado no cu, gordo! — disse Pezão.
— Só se for no teu! — retrucou o gordinho.
— Parem vocês dois! — esbravejou Margareth, fula da vida. — Parecem duas criancinhas mimadas!
— Ele que começou! — disse o gordinho, apontando para o Pezão.
— Você é chato pra caralho, hein!
— Puta que pariu, vocês vão parar com isso ou não ??? — e Margareth olhou para o primo. — Sobre o quê vocês estão brigando agora?
—Â Seu namoradinho escondeu meu iPod.
— O quê? — Pezão ficou vermelho de ódio. — Vai se ferrar, pequeno Faustão!
— Você tem provas de que ele realmente fez isso?
O gordinho peçonhento ficou sem graça.
— Não. Mas eu sei que foi ele!
— Tim, isso não se faz! Como você pode sair acusando alguém sem provas?
— E pra que eu pegaria aquela porra de iPod? Deve ter um monte de música gay naquela bosta.
O gordinho mostrou aquele famoso dedo para o Pezão. Margareth olhou puta da vida para o namorado.
— Você também não colabora, não é?
Pezão deu aquele sorriso cÃnico de sempre e beijou Margareth na bochecha.
A anã entrou no quarto. Eu dei um pulo de quase dois metros de altura. Todo mundo começou a rir de mim, feito hienas soltas num sanatório.
— Assustei você, querido? — disse Milena para mim.
— Não, de jeito algum. Foi só reflexo.
Mentira. Tomei um puta susto sim, pensei que fosse o anão gay vindo me agarrar.
— Reflexo o caralho! — disse Pezão, rindo loucamente. — Nunca vi ninguém saltar tão alto em toda a minha vida. Tem certeza que não borrou a cueca também?
Mostrei o dedo para ele. E disse:
— Engraçadinho você, né?
Eles continuaram rindo por alguns instantes, até que a anã disse:
— Vocês devem estar loucos por um banho quente, não?
— Hmmmm! Só se for agora! — disse Margareth.
— Então vem comigo, querida. Já arrumei as toalhas. Infelizmente não tenho roupas limpas para lhe oferecer.
— Nossa, não precisa se incomodar com isso. Um banho quentinho é tudo o que nós precisamos.
— E um pratão de arroz, feijão e bife acebolado — disse o gordinho, alisando a pança enorme.
— Tim, não me mata de vergonha!
A anã riu pelos cotovelos.
— Vergonha do quê, querida? — disse ela. — Ele está corretÃssimo! Após o banho vocês irão experimentar o meu caldinho de frango.
O gordinho peçonhento até lambeu os beiços.
— Nossa, até eu fiquei com fome agora — disse Margareth.
— Caralho, eu também — disse Pezão.
Margareth deixou o quarto ao lado da anã.
Pezão começou a rir novamente, olhando para mim.
— Meu, que pulo foi aquele? A anã nem é tão feia assim, porra. Se fosse o ...
O anão entrou no quarto. Pezão calou-se.
— Está tudo bem por aqui? — disse o anão.
— Sim, tudo certo — respondi.
Silêncio por alguns instantes.
— Preciso falar com você — disse o anão, apontando para o gordinho. — Vem comigo.
Xiiiiiiiiiiii, será que o gordinho vai apanhar? Ele acompanhou o anão, apesar de não ter gostado muito da idéia.
— O baixinho vai pegar o gordo na porrada — sussurrou Pezão para mim.
— Eu acho que vontade não falta.
—Â Se o toquinho de gente precisar de ajuda, pode contar comigo.
Comecei a rir.
—Â Sacanagem.
— Sacanagem porra nenhuma! Aquele saco de banhas me irrita, Nando! Só não pego ele na porrada por causa da Margareth.
— O amor é lindo.
— Lindo nada. Se eu pego o gordo de jeito, a Ma nunca mais dá pra mim. E tô viciado nela. Nando, é a melhor trepada da minha vida, sério!
— Claro que é, seu idiota, você está apaixonado. Sexo com amor é mais gostoso, você não sabia?
— Bobagem. Amor é coisa de bicha.
— Então você virou uma bichona, pois eu vi o jeito com que você olha pra Margareth. É amor, cara.
— Vai se foder, Nando! Está me estranhando?
— Fica frio, mano, amar é uma coisa bacana. Não é vergonha pra ninguém.
— O que eu sinto por ela é tesão, não é isso aà não.
— Quando você olha pra ela os seus olhos brilham.
— E o meu pau fica duro. E daÃ, pau latejando também é sinal de amor, hein?
O cuzão saiu do quarto e me deixou falando sozinho. Porra, dói tanto assim assumir que está apaixonado por alguém?
—Â Nando!
Puta que pariu!!! Outro susto. Acho que pulei três metros dessa vez.
— Uau! Você já pensou em fazer atletismo, Nando? — disse o gordo peçonhento, tirando uma com a minha cara. — Você pula muito alto!
— É, eu vou pular com os dois pés na sua cara daqui a pouco.
—Â Preciso da sua ajuda.
— Já sei, você quer que eu te ajude a encontrar aquela porra de iPod.
— Não é bem isso que estamos procurando.
Não era a porra do iPod que ele estava procurando, mas sim o cacete de borracha. O anão estava com medo de sua esposa Milena encontrar o objeto e recordar do irmão falecido. Sem ter nada melhor pra fazer, resolvi ajudar.
— Tem certeza que não está por aqui, no corredor? — disse eu.
— Já procuramos em todos os lugares; nenhum sinal daquela coisa nojenta.
— Nojenta agora, né? Quero ver você dar uma cheirada naquela coisa outra vez.
— Nem a pau, Juvenal! Tô fora!
O anão apareceu do nada, bem na minha frente. Porra, outro susto.
— Caralho! — disse eu, puto.
— Te assustei, foi? — disse o Oompa Loompa dos infernos.
— Não. Foi meu reflexo apurado, só isso.
O gordo começou a rir. Olhei puto pra ele.
— Já encontraram aquela coisa? — sussurrou o anão para nós.
— Ainda não — respondeu o gordo.
— Porra! — disse o anão, com uma cara preocupada. Ele olhou para o gordo, puto da vida, e disse: — É tudo culpa sua!
—Â Desculpa.
— A gente vai achar — falei. — Fica frio.
— Para ser sincero, acho que não vamos encontrar aquilo tão cedo.
—Â Como assim?
O anão deu uma olhada para os lados, como se certificasse de que não havia mais ninguém por perto. Ao ter certeza de que estávamos a sós, ele disse baixinho:
— Eu já tinha dado um chá de sumiço naquela porcaria.
— Sim, estava escondido atrás de uma bola de basquete — disse o gordo.
— Não, não estava — disse o anão, sério.
— Estava sim! Foi lá que eu peguei.
— A última vez que eu achei aquele negócio, embrulhei num calhamaço de jornal e joguei no rio.
— Mentira. Devia ser outro. Aquele estava atrás da ...
— Você já disse. Acredito em você. Mas você ainda não me entendeu.
— Você está dizendo que aquela coisa é assombrada? — disse eu.
— Exatamente. Já fiz aquela porcaria desaparecer umas 10 vezes. Uma vez eu até queimei numa fogueira. Semanas depois ela estava sobre a cama, como se nada tivesse acontecido.
— Acachapante! — disse o gordo peçonhento, com os olhos arregalados.
Margareth passou por nós, enrolada numa toalha. Meu, ela estava tão cheirosa! Por um segundo imaginei aquela toalha amarela caindo e ...
— Está olhando o quê? — gritou Pezão para mim, lá do outro lado do corredor.
— Tua namorada, por quê? — respondi, em tom de brincadeira.
Mas Pezão não entendeu dessa forma. Ele fechou a cara e veio babando pra cima de mim. Fiquei parado, não me movi um centÃmetro. O anão se afastou e o gordinho entrou na minha frente, pra me defender.
Quando Pezão ficou a cerca de 1 metro de nós, tropeçou em alguma coisa e caiu de costas no chão. Putz! O barulho foi algo perturbador. Deve ter doÃdo horrores! Margareth abriu só um pouquinho a porta do quarto, a fim de descobrir o que estava acontecendo ali no corredor. Ao ver o namorado estatelado no chão, ela não pensou duas vezes, veio correndo até ele, nua. Sim, nua. E acreditem se quiser, em respeito ao meu amigo, procurei não olhar para ela. Talvez eu me arrependa disso algum dia, mas ...
— O que aconteceu, meu anjo? — disse ela para ele.
Meu anjo? Não é todo dia que Pezão é chamado dessa forma. E o mais curioso: é bem provável que ele não tenha ouvido. Pezão gemia de dor, gemia tanto que eu pensei que fosse morrer.
— Puta que pariu! — resmungou Pezão. — Dói tudo, Ma!
— Vocês vão ficar parados aÃ? — disse Margareth, provavelmente para mim, para o gordo e para o anão.
— Você está pelada? — disse Pezão.
—Â E daÃ?
O gordinho entrou correndo no quarto e trouxe a toalha para a prima. Ela o agradeceu e pude ouvir um beijo, provavelmente na bochecha dele. Juro, eu não olhei pra ela até agora.
— O que você tem? — disse Margareth. Acho que foi para mim.
—Â Eu?
— É, você! Vem aqui ajudar o seu amigo, caramba!
— Já enrolou a toalha?
— Já, cacete! Vem logo! Virou monge justo agora?
Quando me virei na direção deles, vi o anão agachado para pegar alguma coisa do chão. Sim, era o pinguelo de borracha, o grande causador do tombo do Pezão. Quase tive um ataque de risos. Mas me controlei. Pegaria muito mal eu ter um ataque de risos enquanto o Pezão estava esparramado pelo chão, gemendo de dor. Se bem que ele já fez isso comigo diversas vezes.
O anão enrolou aquela coisa nojenta na sua blusa de lã e saiu de fininho pelo corredor.
— Vem logo, caramba! — disse Margareth, fula da vida comigo. Ela nem reparou na presença do anão.
Ajudamos o Pezão a ficar de pé novamente. E comprovamos que aquela velha frase é verdadeira: Vaso ruim não quebra. Ele estava bem, o tombo fora apenas um susto. Mas isso não o impediu de ficar puto comigo, é claro.
— Você deu sorte, seu porra — disse ele para mim. — Eu ia te acertar em cheio.
— Ia nada. Meu escudo humano ia abafar o golpe.
— Que escudo humano? — disse Margareth, com um olhar curioso. — Nando, você ia usar o coitado do anão como escudo? Isso não se faz!
— Anão porra nenhuma! Seu primo entrou na minha frente para me defender.
— Sério? Você fez isso, Tim?
— O amor é lindo — disse Pezão.
—Â Vai se ferrar!